Título: Filha da floresta
Autor: Juliet Marillier
Páginas: 608
O livro foi presente de um grande amigo que imaginara fosse do meu agrado, tal a natureza da história ali narrada. E devo dizer que ele acertou em cheio. Livro agradável, fácil de se ler e com uma história cativante.
Primeiro livro de uma trilogia, narra uma história de tempos antigos, reinos distantes, inspirada em contos germânicos, lembrando a história dos povos celtas. O senhor de Sevenwaters tem seis filhos e uma filha (a filha da floresta) que, desde cedo, aprendeu os segredos da floresta e sabe usar como ninguém as plantas medicinais. Um encantamento envolvendo todos os seus irmãos a obriga a realizar uma árdua tarefa que mostrará que ela não é uma simples criança.
Trechos interessantes:
"-[...]Para vencer esta guerra é preciso conversar com o inimigo, conhecê-lo. Se continuar simplesmente atacando, ele sempre contra-atacará e um dia poderá vencer. Esse caminho só leva à morte, ao sofrimento e ao arrependimento. Muitos podem segui-lo, mas não conte comigo. Eu não irei." (pág. 27)
"-E quanto a você, Finbar? - Nem seria preciso perguntar. Ele era muito diferente. Diferente de todos nós. - O que mamãe deixou em você?
Ele se virou para mim e sorriu. A curva de sua boca longa transformava completamente seu rosto quando ele sorria.
-Fé em mim mesmo - ele disse. - Fazer sempre o que é certo e jamais o que é errado, mesmo que seja difícil." (pág. 33)
"-O fim da história quem faz é você, ninguém mais. Só você pode escolher. Há tantas formas de se tornar um herói quanto os galhos de uma grande árvore. Podem ser formas maravilhosas, terríveis, simples ou complicadas. Elas se unem, se separam e se interligam novamente, e você pode segui-las da maneira que desejar." (pág. 111)
"Não corte madeira viva. Use um pedaço de galho que esteja no chão, daqueles que as tempestades e os raios derrubam. Se precisar cortar madeira nova, peça licença. Os bens da floresta não devem ser retirados sem motivo.
Aprendemos sobre isso ainda pequenos. Sempre pedíamos licença e agradecíamos, fosse para a árvore ou para o espírito que habitasse nela." (pág. 127)
"-O que você fez foi crueldade - disse lentamente. - Não há como desfazer algo assim. Você tem sorte de nosso irmão saber tratar de animais. Mas ela também precisa do seu amor para se recuperar. Animais não nos julgam. Eles nos amam independentemente do que fazemos com eles." (pág. 143)
"Dizem que o espírito não abandona totalmente o corpo até a terceira manhã após a morte. Meu amigo não estava morto há mais de três dias, mas seu ser interior parecia já ter voado para o imenso céu que ele sempre observava no Monte Ogma, acima das árvores e das águas do lago que se estendiam para o oeste. Coloquei a cruz de madeira em suas mãos e uma oração cristã me veio à mente, mas preferi ficar em silêncio. Quem sabe para onde seu espírito desejaria voar? Ele sempre fora uma pessoa de mente aberta e, com isso, muitas portas se abririam agora para ele." (pág. 181)
"Tinha dito a Simon que ele podia fazer sua história terminar como bem desejasse. Mas não era bem verdade. Pode-se traçar um caminho, mas sempre há pessoas e fatos que o influenciam e o modificam, tornando-o muitas vezes difícil e confuso." (pág. 186)
"Ele estava em sua casa, mas seria trazido para baixo para ser velado. A casa estava em silêncio. Será que essa gente não sabia como sofrer por um bom homem? Não sabiam chorar, gritar de raiva e amaldiçoar o poder das sombras? Não sabiam se abraçar, enxugar as lágrimas uns dos outros e falar das coisas boas que ele havia feito e de como havia sido bom, para ajudá-lo em sua passagem? Onde estavam as grandes fogueiras, os brindes com cerveja forte e o cheiro das ervas queimando para espalhar seu perfume no ar?" (pág. 410)
"Sentei-me ao seu lado e ficamos em silêncio. Peguei sua mão e a segurei entre as minhas. Estava trêmula. Eu não sabia o que dizer. Quando parti, era apenas uma criança, e ele, uma figura austera e distante, que nunca cheguei a conhecer direito. E agora parecia que eu era a mãe e ele a criança." (pág. 557)
"-O homem viajou para aquele lugar distante. Viu e ouviu as histórias mais estranhas em seu caminho. Aprendeu que... que o amigo e o inimigo são apenas as duas faces da mesma moeda. E que a vida que alguém escolhe para si mesmo, e julga certa e constante, pode se modificar a qualquer momento. Para se ramificar, torcer e levá-lo a lugares muito além de sua imaginação. Há mistérios que vão além da mente de um mortal e, se ele tenta negá-los, acaba vivendo em uma semiconsciência." (pág. 578)
"Mas de uma coisa você deve se lembrar: não existe luz ou trevas. Nós é que vemos o mundo assim. Não existe bem ou mal. Tudo muda o tempo todo e, ao mesmo tempo, continua igual." (pág. 587)
sábado, 18 de janeiro de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário