Título: Um dia
Autor: David Nicholls
Páginas: 412
'Um dia' conta a história da relação de duas pessoas: Dexter e Emma. A história começa em 15 de julho de 1988, quando os dois estão se formando. Daí em diante a história é contada sempre no dia 15 de julho dos próximos vinte anos. Quando tudo começou era para ser apenas um encontro casual, mas uma ligação profunda entre os dois perdura por muito tempo.
Conheça a história de Dex e Em, um casal que, como tantos outros, passa por diversas situações emotivas, embaraçosas, complicadas, hilárias, mas que demora a perceber a importância de um para o outro.
Trechos interessantes:
"Com trezentas libras de outra pessoa você pode mudar sua vida, e não deve se preocupar com isso porque francamente eu tenho um dinheiro que não mereço, e você trabalha duro e mesmo assim não tem dinheiro; vamos colocar o socialismo em prática, vamos? E se você fizer questão pode me pagar quando for uma dramaturga famosa, ou quando ganhar dinheiro com suas poesias ou seja lá o que for." (pág. 55)
"A cidade tinha vencido, exatamente como disseram que aconteceria. Como numa festa cheia de gente, ninguém percebeu a chegada dela, e ninguém notaria se fosse embora." (pág. 63)
"Seu consolo é pensar que, como ele ainda não dormiu, esse não é o primeiro drinque do dia, mas sim o último da noite anterior. Além do mais, todo esse tabu sobre beber durante o dia é um exagero; as pessoas fazem isso na Europa. O truque é usar o estímulo do álcool para compensar o abatimento das drogas: ele está se embebedando para ficar sóbrio, e quando você pensa a respeito é na verdade uma coisa bem razoável." (pág. 120)
"Dexter dá um sorriso contido, mas a mãe já está virada para o outro lado, de costas para ele. Sai do quarto e encosta a porta. Um dia desses, muito em breve, dentro de um ano talvez, ele vai sair do quarto e nunca mais verá a mãe. É uma ideia tão difícil de conceber que Dexter tira aquilo da cabeça com violência, preferindo concentrar-se em si mesmo: na própria ressaca, em como está se sentindo cansado, na dor latejando nas têmporas." (pág. 130)
"Falavam um com o outro com vozes estranhas e estranguladas, tinham perdido o jeito de um fazer o outro rir, transformado em zombarias em tom jocoso e ferino. A amizade entre os dois era como um buquê de flores murchas que Emma insistia em regar. Por que não deixar morrer?" (pág. 189)
"Emma virou-se rapidamente, caminhou até ele e puxou seu rosto contra o dela, o rosto quente e úmido encostado no dele, falando depressa e em voz baixa no seu ouvido, e por um instante de glória Dexter pensou que seria perdoado.
-Dexter, eu te amo muito. Muito, muito, e provavelmente sempre amarei. - Os lábios dela encostaram no rosto dele. -Só que eu não gosto mais de você. Sinto muito." (pág. 206)
"Nada no mundo podia ser mais melancólico do que a rejeição de um anel de noivado: ficou dentro da mala no quarto do hotel, emanando tristeza como se fosse uma espécie de radiação." (pág. 214/215)
"Jasmine já está chorando quando Dexter luta para prendê-la na cadeirinha alta. Ela sempre deixa Sylvie fazer isso, mas agora está se contorcendo e gritando, um pacote compacto de músculos e barulho se agitando com uma força surpreendente e por nenhuma razão aparente, e ele começa a pensar: 'Por que você não aprende logo a falar? Aprenda uma língua qualquer e me diga o que estou fazendo de errado.' Quanto tempo até começar a falar? Um ano? Dezoito meses? É uma loucura, um erro de projeto absurdo, essa recusa a dominar a linguagem no momento em que é mais necessária. Eles deviam nascer falando. Não conversando nem argumentando, mas transmitindo informações práticas. 'Papai, estou com gases.' 'Esse tipo de atividade me deixa irritada.' 'Estou com cólicas.'" (pág. 293/294)
"Sozinho. E o pior de tudo é que sabia que era verdade. Nunca na vida tinha imaginado que seria um solitário. No seu aniversário de trinta anos, chegou a lotar uma boate da Regent Street: as pessoas faziam fila na calçada para entrar. O cartão de memória do celular em seu bolso transbordava de números telefônicos das centenas de pessoas que havia conhecido nos últimos dez anos, mas a única pessoa com quem desejava conversar todo esse tempo estava no quarto ao lado." (pág. 330)
"Filosoficamente ela anotava quando as datas se passavam na virada do ano; (...)seu próprio aniversário; e outros dias marcados por incidentes dos quais tinha participado. De repente pensou, uma tarde, enquanto se olhava no espelho em sua formosura, que havia ainda outra data, mais importante do que aquelas para ela; a da sua morte, quando todos aqueles encantos teriam desaparecido; um dia que jazia furtivo e invisível entre todos os outros dias do ano, sem emitir sinal nem som quando passava por ela ano após ano; mas que certamente estava lá. Quando seria?
Thomas Hardy, Tess of the d'Urbervilles" (pág. 365)
domingo, 9 de fevereiro de 2014
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