Título: A vida em tons de cinza
Autor: Ruta Sepetys
Páginas: 240
O livro narra a trajetória da jovem Lina Vilkas, uma lituana de 15 anos que, com a mãe e o irmão são deportados pelo governo de Stalin para os campos de trabalho forçado na Sibéria, devido ao engajamento político do pai, um professor universitário.
Lina e sua família procuram retratar todo o povo da Lituânia que sofreu nas mãos de Stalin, povo este humilhado e exposto a todo tipo de sofrimento, violência e humilhação, mas que nunca perdeu a dignidade e a esperança. É um relato forte, mas sincero tocante.
Trechos interessantes:
"[...]
- Eu não mereço nada. É preciso defender o que é certo sem esperar gratidão nem recompensa, Lina. Agora, termine o dever." (pág. 16)
"[...]
- Lina, querer fugir disto aqui é perfeitamente compreensível. Mas, como seu pai disse, temos que ficar juntos. Isso é muito importante.
- Mas como eles podem simplesmente decidir que somos animais? Eles nem nos conhecem - falei.
- Nós nos conhecemos. Eles estão errados. E nunca deixe que ninguém a convença do contrário. Entendeu?" (pág. 53/54)
"Lembrei-me de papai contando como Stalin havia confiscado as terras, as ferramentas e os animais dos camponeses. Era ele quem lhes dizia o que produzir e o quanto iriam receber. Eu achava isso ridículo. Como Stalin podia simplesmente pegar uma coisa que não lhe pertencia, algo pelo qual um agricultor e sua família trabalharam a vida inteira? 'Comunismo é isso, Lina', dissera papai." (pág. 80)
"Sussurrando em seu ouvido, mamãe lhe contou sobre a proposta de trabalho do comandante.
- Mas Elena, você poderia ter conseguido um tratamento especial - disse a outra mulher. - E provavelmente mais comida.
- Um pouco mais de comida nao vale uma consciência pesada - disse mamãe. - pense nas exigências que eles fariam naquela sala. E pense no que poderia acontecer com as pessoas. Não preciso carregar esse peso. Vou dar duro como todo mundo." (pág. 90/91)
"Estávamos nos aperfeiçoando rapidamente na arte de roubar migalhas. Jonas saía de fininho todas as noites para pegar restos de comida no lixo da NKVD. Insetos e vermes não intimidavam ninguém. Bastavam um ou dois petelecos e a comida desaparecia goela abaixo. Às vezes Jonas voltava com embrulhos que Andrius e a Sra. Arvydas escondiam no lixo. No entanto, tirando esse presente ocasional, havíamos chegado ao mais baixo nível da cadeia alimentar e sobrevivíamos comendo coisas sujas e podres." (pág. 132)
"Agora eu sabia como Edvard Munch se sentia. 'Pinte o que vê', dissera ele. 'Mesmo que o dia esteja ensolarado e você só veja escuridão e trevas. Pinte o que vê'." (pág. 152)
"Os homens pareciam não ligar nem um pouco para nós. É claro que não. Nossos corpos magros tinham um aspecto quase andrógino. Fazia meses que eu não menstruava. Nada em mim parecia feminino. Um pedaço de carne de porco ou uma cerveja com colarinho seriam mais atraentes para aqueles homens." (pág. 184)
"Na Sibéria só havia dois desfechos possíveis. Sucesso significava sobrevivência. Fracasso significava morte. Eu queria sobreviver." (pág. 224)
sábado, 16 de março de 2013
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