Título: A matemática nos tribunais
Autor: Leila Schneps e Coralie Colmez
Páginas: 286
A matemática sempre me fascinou. Enquanto a maioria detesta problemas, corro atrás deles e, na medida do possível, tento encontrar as soluções. Por isso, ao ver o livro em questão na estante de uma livraria, não tive dúvidas: comprei-o imediatamente na certeza de que desfrutaria de bons momentos.
O livro apresenta dez casos de tribunais onde a matemática teve a sua participação. Geralmente ela não teve uma participação decisiva no resultado em si, mas mostra muitos equívocos na forma como ela é apresentada, notadamente nas áreas de probabilidade e estatística. Há pequenas sutilezas que devem ser observadas e quem gosta de matemática certamente achará o conteúdo relevante.
Trechos interessantes:
"Uma vez que o evento já ocorreu, não se pode calcular retroativamente a probabilidade de ele ter ocorrido, e depois desconfiar que a probabilidade do acontecido é pequena demais." (pág. 29)
"Casada com um homem negro numa época de racismo feroz, Janet, de dezenove anos, deve ter experimentado repetidas vezes a censura da sociedade. Ignorante, pertencente à classe operária e pobre, ela não estava acostumada a lutar por seus direitos. Talvez pressentisse que, culpados ou inocentes, não havia chance alguma de que um julgamento resultasse em absolvição." (pág. 42)
"...se dois eventos são independentes, então a probabilidade de que ambos ocorram é obtida multiplicando-se as probabilidades de cada evento acontecer sozinho." (pág. 45)
"A probabilidade de um homem ter barba e bigode com toda certeza não é igual à probabilidade de um homem ter bigode multiplicada pela probabilidade de um homem ter barba, pois as barbas não acompanhadas de bigode são muito raras." (pág. 50)
"...o paradoxo de Simpson [cada grupo melhorou, contudo o resultado geral é idêntico] pode ser facilmente manipulado de maneira a iludir. Como disse o empregado de uma importante companhia de gás a um matemático amigo nosso: 'Tive de apresentar os resultados econômicos da empresa no ano passado, então perguntei-lhes se queriam uma apresentação mostrando que ganhamos dinheiro ou que perdemos dinheiro'." (pág. 131)
"Por que tão poucas moças optam por estudar matemática e engenharia? Essa questão tem ocupado muitos estudiosos da sociedade, e inúmeros fatores diferentes têm levado a culpa, abrangendo a psicologia do indivíduo, atitudes sociais profundamente arraigadas e até diferenças na fisiologia e nos métodos de educar as crianças." (pág. 146)
"Nossos hábitos diários de trabalho, com quantidade relativamente pequenas, pequenas distâncias e pequenos tamanhos, criam uma espécie de bloqueio mental contra números gigantes. A falta de experiência nos impede de ter um tipo de compreensão realística, não familiar, do significado dos números que medem as grandes quantidades que muitas vezes encontramos. Construímos nossas imagens mentais em torno do que estamos acostumados, e isso pode levar a grandes surpresas ao lidar com coisas ou quantidades extremamente grandes." (pág. 176)
"Cuidado com os investimentos com crescimento exponencial - eles não podem dar certo!" (pág. 198)
quarta-feira, 27 de maio de 2015
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