Título: Montanha-russa
Autor: Martha Medeiros
Páginas: 216
As crônicas sempre me fascinaram. Essa coisa de histórias curtas, onde o autor tem que entreter o leitor, usando apenas uma ou duas páginas, e geralmente de assuntos banais, consegue me cativar a fundo. São os livros que, teoricamente, podem ser lidos rapidamente, e são os que demoro mais tempo, querendo saborear cada frase, cada parágrafo.
Nunca havia lido nenhum livro de Martha Medeiros mas, depois deste, já fiz a minha lista de exemplares desta autora. Pena que, como tenho o hábito de manter a minha lista de leituras, ainda há de demorar um tempo até chegar aos mesmos.
Trechos interessantes:
"Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona. Mas a verdade é só uma: ninguém tem dúvida sobre si mesmo." (pág. 17)
"Poucas pessoas chegam numa etapa da vida com tantos serviços prestados como ele ( - falando de Caetano Veloso - ). Poucos podem abrir mão de submeter-se aos índices de audiência, ao gosto padrão, às exigências de mercado, à opinião pública. São meia dúzia de seres acima do bem e do mal, que já deram seu recado e podem fazer unicamente o que estão a fim, na hora e da maneira que bem entenderem. Quem não celebra isso?" (pág. 20)
"A gente vive numa sociedade que não quer saciar nada, quer justamente o contrário: criar mais e mais necessidades estapafúrdias para que o sujeito nunca fique contente com o que tem e parta para aventuras quanto mais insanas, melhor. [...] São os viciados em novidade." (pág. 29)
"Livro nos dá conhecimento, uma visão mais aberta da vida e nos ensina a escrever melhor. Não nos torna chatos nem nos salva de sê-los. Chato é quem não nos faz rir." (pág. 37)
"Não existe nada mais triste, mais sem graça que a coisa realizada." (pág. 49)
"O que me trouxe para este assunto é que ficou claro para mim que a arte é sempre superior ao artista, e que a angústia deste é igualar-se à imagem que projeta, um desafio desumano e inalcançável. A arte é soberana, o artista é um reles mortal. A arte emociona, o artista resmunga. A arte é única, e o artista tem os mesmos defeitos que a gente." (pág. 77)
"Um dia desses uma leitora me escreveu um e-mail simpático, dizendo que havia lido ou escutado em algum lugar uma coisa que ela achava que fazia sentido: 'O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções'." (pág. 108)
"Quando nossos olhos ficam embaçados, nada como usar os olhos dos outros para voltar a valorizar o que é nosso." (pág. 144)
"Já fiz citações demais por hoje, mas não há como esquecer a frase de Katherine Mansfield: 'A vida não pode ser apenas um hábito'." (pág. 163)
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
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