Título: O repouso do guerreiro
Autor: Christiane Rochefort
Páginas: 248
Em meio a uma história de herança, numa cidade estranha, Geneviève conhece, por acaso, Renaud. Assim começa uma incontrolável e mórbida paixão por um alcoólatra.
O livro segue sempre por essa linha: mostrando a transformação na vida de uma pessoa, de um momento para o outro. Seus amigos, sua família, sua vida de maneira geral, totalmente modificada pela paixão doentia e submissa a uma pessoa que não dá a mínima a nada e ninguém. Sinceramente, não é uma história agradável de se ler.
Trechos interessantes:
"-Vê-se que você não tem prática de suicídio.
Prática de suicídio, dir-se-ia um sonho.
-Claro que não - disse eu, um pouco irritada. - Nunca procurei adquirir.
-Escapar dele não é tudo, é preciso ainda arranjar uma saída. A morte não é o pior. O pior é a continuação." (pág. 31)
"'Então', eu amava hoje aquele homem, cuja existência ontem eu ignorava, e era assim mesmo, esse milagre famoso, tal como meu soberbo racionalismo sempre havia negado, o amor, o amor à primeira vista: e acontecia a mim, contra toda expectativa, na cidade mais feia da França, em meio a uma história de herança na Rua Geoges Clemenceau, entre a sobremesa e o café." (pág. 40)
"Aqui está ele. Ficou. Será que se sente bem? Ou não tem outro lugar? Não teve a fineza de dizê-lo e não cometo a grosseria de perguntar. Estou reduzida aos fatos: aqui está ele." (pág. 51)
"Pouco a pouco aprendi que o alcoólatra é aquele que a gente nunca vê beber e que quase nunca está bêbedo; dispõe de recursos quase infinitos, tanto para ocultar seu vício como para satisfazê-lo." (pág. 85/86)
"-As coisa são o que são, é uma verdade que todo mundo esquece. A cada um compete decidir o que quer." (pág. 97)
"[...]Estou só, só. Sozinho no mundo.
-Mas eu o amo, Renaud! Você não está só!
-Uma coisa nada tem a ver com a outra, evidentemente. Estou só." (pág. 116)
"Nem me deixar, nem inquietá-lo, nem tranquilizá-lo. Discrição. Permanecer entre uma coisa e outra. Qualquer que fosse o motivo que o incitasse a trabalhar: afinal de contas, bendito seja. Nada podia fazer-lhe tanto bem quanto o trabalho. Ninguém escapava a seus efeitos salvadores, por que ele seria diferente dos outros? Em última análise, sua desgraça era a ociosidade. Meus meios talvez não fossem muito nobres, mas os fins o eram." (pág. 213/214)
sábado, 1 de março de 2014
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