Título: Não matem as flores
Autor: Johannes Mario Simmel
Páginas: 626
Cansado de sua vida, sua esposa, sua rotina, o famoso advogado Charles Duhamel resolve abandonar sua vida e começar outra. Aproveitando um acidente de avião (no qual é dado como morto) utiliza-se de documentos falsos e transforma-se em outra pessoa. Agora, com o nome de Peter Kent, volta novamente a sentir alegria pela vida. Encontra a companheira ideal e tudo se encaminha para um futuro promissor.
Mas sua esposa, convencida de que ele não morreu no acidente aéreo, resolve mover céus e terra para provar que o marido ainda está vivo, com um nome falso em algum lugar. Satisfeito com sua nova vida, Peter não tem nenhuma intenção de retornar à antiga. Conseguirá Charles/Peter ocultar para sempre a sua existência?
Trechos interessantes:
"Tive de pensar na frase do filósofo Ernest Bloch, que escreveu: 'O ser humano precisa pelo menos de uma pequena visão de algo apaziguador que lhe traga alegria.' Simplesmente tem de ter alguma coisa, ou não conseguirá viver." (pág. 17)
"E pensei que não era a morte que resolvia todas as coisas. Não, era a vida que punha um fim em tudo, a grande felicidade e o grande amor. E fiquei muito triste." (pág. 32)
"-Deus! Deus do céu!Faça passar logo! Me deixe viver! Sim, agora eu rezava para um Deus em quem não acreditava. Quem pode entender isso? Pessoas com a minha doença entendem. Num acesso de angina pectoris acredita-se em Deus." (pág. 127)
"O minuto era o seguinte: na velha Rússia (talvez ainda hoje, quem sabe?) era costume, especialmente no campo, todos ficarem quietos um minuto na casa quando alguém iniciava uma grande viagem. Nesse minuto os outros pensavam nele, rezando para que nada de mal lhe acontecesse, para que ele não ficasse doente e sua viagem fosse bem-sucedida, e também os que não rezavam lhe desejavam isso." (pág. 151)
"Quando me contou sua história disse que sua pena elevada fora correta, pois matara um ser humano. E objetei que o homem se salvara. 'Por sorte', disse, 'senão seriam dois.' Referia-se ao outro, o falso Hans Taler, a quem raptara da prisão de Kufstein com seus amigos e tivera de matar. Disse-lhe que se não tivesse feito isso talvez tivessem sido assassinadas mil pessoas, e ele respondeu: 'É verdade. Mas matei uma pessoa. E quem mata um ser humano destrói um mundo inteiro'." (pág. 184)
"...e então me ocorreu uma frase que lera certa vez num livro: 'Se cada pessoa do mundo quisesse fazer feliz só uma única outra pessoa, o mundo todo seria feliz'." (pág. 193)
"-É uma coisa tão perversa - disse ela. - Pensamos na Polônia, e temos medo e compaixão. E no Chile e em El Salvador ninguém pensa, e ninguém tem medo, e ninguém sente compaixão, embora lá aconteçam coisas horríveis, nessas ditaduras.
-É porque a Polônia é perto, e El Salvador e Chile ficam tão longe - disse eu. - Mas que mundo é este, em que se tem compaixão e medo segundo a geografia?" (pág. 252)
"Pensando no que fiz, tenho horror de mim mesmo. Um grande escritor escreveu que o ser humano é um abismo." (pág. 296)
"Andreia era louca por saladas. Tirava o avental colorido de cozinha antes de começar a comer, e alegrava-se como uma criança quando eu dizia que tudo estava saborosíssimo. Acho que se devia dizer isso muitas vezes a uma mulher que além das outras tarefas ainda se dá o trabalho de cozinhar. Mulheres recebem tão pouco reconhecimento pelos seus inúmeros afazeres domésticos." (pág. 330)
"-E tem mais uma coisa, muito importante. Além do medo ainda temos a angústia. Uma diferença gigantesca! Pode ler em qualquer dicionário: medo é uma sensação que nasce de uma ameaça real, ou perigo real. Angústia nasce de ameaças e perigos indefinidos. Quem tem medo pode se defender, mas não quem tem angústia, por não saber do quê e contra quê. A angústia faz ficar doente. Quem tem neurose de angústia tem de ir ao psiquiatra." (pág. 346/347)
"Alguma coisa de todas as pessoas permanece na Terra. A figura da pessoa desaparece, mas tudo o que ela teve de bom, de melhor, continua no mundo. Por isso, na verdade cada pessoa é um mundo inteiro." (pág. 388/389)
"O famoso psicólogo Bruno Bettelheim disse: 'O ser humano não pode se preocupar com tantas coisas ao mesmo tempo, por isso um medo facilmente substitui o outro'." (pág. 510)
"Oelschlegel levantou-se e foi até uma grande seringueira num canto da sala. Pegou um regadorzinho de plástico vermelho e começou a regar cuidadosamente a árvore. Via-se que a amava. Talvez não tivesse mais nada para amar. Qualquer pessoa precisa ter uma coisa para amar. O juiz de instrução criminal Dr. Hans Oelschlegel amava uma seringueira." (pág. 578)
"De quanta coisa vamos nos lembrar, meu bem, de quanta coisa! Pois o que é o amor, senão lembrança?" (pág. 626)
sábado, 17 de agosto de 2013
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6 comentários:
Gostei muito deste livro...
Eu e minha esposa lemos e carinhosamente apelidamos uma ao outro de Gato e Esquilinha. Isso começou a 10 anos!
Parabéns!!
Leonel
Simplesmente perfeito, história linda... O final foi um tanto inesperado mas muito me agradou. J.M. Simmel é um escritor espetacular.
Este livro me emocionou muito. Chorei bastante, vivi intensamente a história. Um belo romance.
Este livro me emocionou muito. Chorei bastante, vivi intensamente a história. Um belo romance.
Apreendi a gostar de leitura com esse livro, eu tinha 18 anos quando li amei e estou indicando minha filha ora ler só que não encontro
Leia ninguém é uma ilha ,é desse autor, simplesmente lindo
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