Autor: Mário
Jorge Pires
Páginas: 170
O livro
procura relacionar os barões do café com a ocupação da cidade de São Paulo,
mais especificamente mostrar a origem dos fazendeiros que transformaram o aspecto
visual da capital, principalmente na região da Avenida Paulista.
É uma obra
de pesquisa, na qual o autor despendeu muitas horas consultando arquivos,
almanaques, listas telefônicas e inúmeros outros documentos antigos,
objetivando elucidar a questão. O texto é acompanhado ainda de várias fotos e diversas citações.
Trechos
interessantes:
“No sobrado,
a disposição espacial dos cômodos obedecia, em linhas gerais, à do
estereotipado sobrado colonial de tradição lusitana. O pavimento térreo não era
habitado pelo proprietário, ficando quase vazio ou de uso reservado a loja,
cocheira ou acomodação de escravos. No pavimento superior, havia a sala, na
frente, que era o cômodo social da casa, onde se recebiam as visitas, e a sala
de jantar; entre elas existiam, invariavelmente, alcovas que serviam de
dormitórios, frequentemente destituídas de janelas, e, nos fundos, as áreas de
serviço. ” (pág. 9/10)
“Nos séculos XVII e XVIII, o paulista é descrito por Machado
(1978) como pobre e rude, de capital quase nulo. Uma ou outra pequena fortuna
está presente ao longo dos inventários. Mas Milliet (1982) já observou que não
era o bandeirante nem tão rico como sugerem alguns historiadores, nem tão pobre
como parece transparecer nos inventários da época: ” (pág. 11/12)
“A elite conviveu com o comércio da zona central – a mais
antiga da cidade – até por volta de 1870 e formada pelas Ruas Direita, Nova de
São José, do Carmo, do Imperador etc. Aos poucos, foi estendendo-se a outros
pontos, com menor intensidade comercial. No início dessa trajetória, a casa do
pobre e do rico podiam estar lado a lado, excetuando-se daí os miseráveis, pois
estes sempre habitaram as várzeas e as encostas da colina. A manifestação de
status social por meio do modo de morar ocorria menos pelo local de residência
do que pelo tamanho da edificação. Gradativamente, a elite foi manifestando a
tendência de também usar o local de habitação como uma forma a mais de
expressar seu status. “ (pág. 55)
“Se, por um lado, São Paulo concentrava importantes motivos
para receber a presença dos proprietários rurais, por ser sede da província e
estar a meio caminho do litoral santista, o que facilitava o controle das
mercadorias na descida da serra, um outro aspecto que também contribuiu para a
vinda de famílias oriundas do interior, nem sempre levado em conta, foi a
existência de doenças que estavam tornando-se endêmicas no país. “ (pág. 79)
“No afã de varrer para sempre o que consideravam caipirismo e
com isso atingir o status de grandes senhores, igualáveis aos integrantes da
elite europeia, a moradia passou a representar, de forma saliente, o símbolo
pelo qual expressavam sua incontestável posição de elite econômica, social e,
pela adoção do novo estilo de vida, também cultural. “ (pág. 116)
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