Título: Por favor, cuide da Mamãe
Autor: Kyung-Sook Shin
Páginas: 236
Park So-nyo é uma coreana, de 69 anos e mãe de cinco filhos, que vai a Seul com o marido para visitar um dos filhos. Na estação, devido ao tumulto, ela se perde do marido e ele acaba embarcando sozinho no trem. Desde então ela nunca mais foi vista.
A família, preocupada com o sumiço de Mamãe, coloca anúncio nos jornais, espalha cartazes pela cidade, pergunta a todos na rua, mas ninguém sabe do paradeiro dela. Entre uma lembrança e outra, todos os membros da família percebem que, de fato, não conheciam Mamãe como pensavam e se desesperam ao sentirem-se, eles, perdidos, sem a presença daquela que organizava tudo no lar.
Trechos interessantes:
"Há momentos em que a pessoa só pensa no assunto depois que algo acontece. Momentos em que pensamos: 'Eu não devia ter feito isso'." (pág. 16)
"O amor de Mamãe por Hyong-Chol era tal que ela costumava preparar uma tigela de ramen para ele comer sozinho quando chegasse tarde da noite em casa, após ficar mais um pouco na escola para estudar. Tempos depois, você às vezes lembrava o assunto, e seu namorado, Yu-bin, retrucava:
-É apenas macarrão instantâneo. Grande coisa...
-Como assim? Ramen era a melhor coisa naquela época! Era um prato que comíamos escondidos para não precisar dividir com ninguém!" (pág. 21)
"Quase nada neste mundo acontece de forma inesperada quando refletimos com atenção. Mesmo o que alguém poderia considerar incomum, se pensarmos bem, é apenas alguma coisa que tinha probabilidade de acontecer. Deparar-se repetidas vezes com acontecimentos incomuns significa pouca reflexão sobre eles." (pág. 34)
"Sua mãe contou que às vezes ficava ressentida com a mãe dela, sua avó.
-Sei que ela precisava fazer tudo sozinha depois que ficou viúva, mas podia ter me mandado à escola. Meu irmão foi para uma escola dirigida por japoneses e minha irmã também, então por que só eu fiquei em casa? Vivi na escuridão, sem nenhuma luz, minha vida inteira..." (pág. 63)
"-A senhora gostava de ficar na cozinha? Gostava de cozinhar?
Mamãe olhou para você.
-Não gosto nem desgosto da cozinha. Eu cozinhava porque precisava. Precisava ficar na cozinha para que todos vocês pudessem comer e ir à escola. Como é possível alguém fazer só o que gosta? Há coisas que a gente precisa fazer quer goste, quer não. - Sua mãe olhava para você com uma expressão que dizia: 'Que tipo de pergunta é essa?' E resmungou: -Se fizer apenas o que gosta, quem vai fazer o que você não gosta?" (pág. 64)
"As mãos de Mamãe estavam congeladas. Ao segurá-las, prometeu a si mesmo que faria aquelas mãos e aquela mulher felizes a qualquer custo. Mas uma reprimenda escapou de sua boca e ele perguntou como ela tivera coragem de seguir um estranho só porque ele lhe dissera para fazer isso. Mamãe o repreendeu:
-Como consegue viver sem confiar nas pessoas? Há mais gente boa do que má! - E deu seu típico sorriso otimista." (pág. 79)
"Quando sua esposa viajava para Seul sozinha, muitas vezes você sentava-se assim, isolado, na varanda. Sua esposa telefonava de Seul para perguntar: 'Você comeu?' e você respondia 'Quando você volta?'.
-Por quê? Está com saudade?
-Não, não se preocupe comigo - você dizia. -Dessa vez fique o tempo que quiser.
O que você dissesse, ao ouvi-lo perguntar 'Quando você volta?', sua esposa retornava, sem se importar com o motivo que a tinha levado a Seul. Se você a repreendesse com um 'Por que voltou tão cedo? Eu lhe disse para ficar o tempo que quisesse!', sua esposa retrucava 'Acha que vim por sua causa? Vim para alimentar o cachorro', e olhava para você." (pág. 128/129)
"Sua esposa morou em Chinmoe desde que nasceu e até se casar com você. Você tinha 20 anos quando sua irmã lhe comunicou que você se casaria com uma jovem de Chinmoe em um mês. Afirmou que se tratava de uma jovem cujo horóscopo combinava perfeitamente com o seu. Chinmoe. Era uma aldeia nas montanhas, distante 10 ri, cerca de 40 quilômetros, da sua aldeia. Naquela época, as pessoas se casavam sem que jamais tivessem visto o rosto uma da outra." (pág. 133)
"Mamãe começou a dizer 'quando eu morrer...' cada vez com mais frequência. Você sabe, essa foi a arma dela por um longo tempo. Sua única arma quando se tratava de filhos que não queriam fazer as coisas do jeito que ela queria que fizessem. Não sei quando isso começou, mas, sempre que não aprovava alguma coisa, Mamãe dizia 'Faça isso depois que eu morrer'." (pág. 217)
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
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