Título: Jack, o estripador em Nova York
Autor: Stefan Petrucha
Páginas: 286
O autor se utiliza do criminoso mais famoso de Londres para criar um tipo de sequência de seus crimes, só que desta vez, acontecidos em Nova York. Claro que o autor não pretende retratar a história, tal como aconteceu, mas apenas criar uma atmosfera interessante para uma história policial.
Carver é um jovem num orfanato, que está prestes a ser colocado na rua se não encontrar quem o adote. O sonho de Carver é ser detetive para encontrar seu pai e, com esse intuito, é adotado por Hawking, um excêntrico detetive, que pretende lhe ensinar os detalhes da profissão. A polícia anda às voltas com crimes acontecidos na cidade, atribuídos a Jack, o criminoso londrino. Hawking vê ali uma oportunidade para pegar o criminoso e, ao mesmo tempo, ensinar a profissão ao garoto. Mas, como sempre, muitas reviravoltas acontecem na história.
Trechos interessantes:
"Quando Carver passou pelo batente, Hawking puxou uma pequena maçaneta e a porta se fechou. Havia um cheiro de máquina a óleo, e o diminutíssimo cômodo se encheu de um som não muito distinto do último estalido do tubo: o suave chiado constante de engrenagens secretas. O mais estranho é que o vento não havia parado. Mas agora a brisa não vinha da esquerda para a direita, mas de cima para baixo.
Maravilhado, Carver olhava ao redor no cubículo apertado.
Hawking deu de ombros.
-Você nunca entrou num elevador?" (pág. 39)
"-São brinquedos, meu rapaz, tudo brinquedos. Você verá cada vez mais geringonças quando ficar mais velho, mas, se eu puder lhe ensinar algo, aprenderá que essas coisas todas são apenas decorativas. O que importa é o que está dentro de você e o que você pode ver nas outras pessoas. Entende isso?
-Sim.
-Não, não entende. Quando nosso tempo juntos estiver prestes a acabar, talvez você comece a entender." (pág. 41)
"-Gosta de charadas? - perguntou Hawking. -Aqui vai uma. Olhe pras teclas na máquina de escrever:'QWERTY'. Já se perguntou por que elas estão organizadas assim?
Carver repetiu o que tinha ouvido falar.
-As letras mais comuns estão perto umas das outras pra acelerar a datilografia.
-Não. Isso é o que a maior parte das pessoas pensa, e a maior parte das pessoas é estúpida. Christopher Latham Sholes projetou a disposição em 1874 pra reduzir a velocidade do datilógrafo, a fim de evitar que as teclas emperrassem." (pág. 57)
"-[...]Você é do tipo que vê uma luz no fim do túnel e pensa que é um trem, não é? Anime-se, o pior ainda está por vir! - exclamou Hawking, colocando outra peça de latão no torno. -Seus romances policiais só mostram uma minúscula fração do trabalho de detetive, o crime genial, as pistas perturbadoras, a perseguição dramática, a batalha final sobre o cume de uma montanha, com ondas violentas quebrando vários metros abaixo... a justiça sendo feita! Se eles escrevessem sobre o mundo real, quatro quintos da história consistiriam no herói sentado numa biblioteca por meses seguindo pistas falsas. Mas ninguém pagaria um centavo nessas histórias." (pág. 79)
"Uma verdade dita com má intenção derrota todas as mentiras que possamos inventar." (pág. 122)
"-A vida não é feita de escolhas fáceis. Até mesmo aqueles que tentam fazer o bem fazem o mal. Aprenda a viver com isso ou não sobreviverá à semana." (pág. 166)
"-O senhor pode me dizer o que está acontecendo?
-Lamento, mas isso é mais do que já contei aos detetives. Mais do que isso, eu não sei. Portanto, não - disse, antes de abrir seu sorriso lustroso. -Sou muito bem pago pra saber apenas o que me mandam saber." (pág. 182)
"...Todos os livros do mundo são inúteis se você não sabe o que fazer com eles." (pág. 212)
"-Foi mais difícil do que eu imaginava. Não tecnicamente. Você não faz ideia de como é fácil começar uma rebelião depois de se infiltrar na cadeia. Mais fácil ainda é enforcar alguém no meio daquele belo caos. Ele nunca nem soube que era eu. Melhor assim, não acha?
-Seu próprio parceiro... - disse Carver.
-Um fato interessante: a maioria dos assassinatos é cometida por pessoas que a vítima conhece." (pág. 267)
sábado, 24 de fevereiro de 2018
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
Sedução da seda
Título: Sedução da seda
Autor: Loretta Chase
Páginas: 300
O livro é o primeiro volume da série "As modistas" que mostra o mundo da alta costura e da aristocracia do século XIX. Marcelline e suas duas irmãs possuem uma loja de moda em Londres. Preocupadas em conquistar clientes de alta classe, elas têm um sonho de vestir lady Clara Fairfax. Com esse objetivo, Marcelline se aproxima do duque de Clevedon, futuro marido de lady Clara, tentando impressioná-lo com a melhoria que podem fazer no guarda-roupa da futura duquesa.
Apesar da história não apresentar nada de novo na fórmula "romance com final feliz", o que me chamou mais a atenção foram os detalhes da moda em si. Os vestuários da alta classe são detalhadamente comentados, bem como a vida social da aristocracia, trazendo um colorido especial à história.
Trechos interessantes:
"-Fico me perguntando qual o motivo da pressa - disse Marcelline. -Ela só tem 21 anos.
-E o que ela tem para fazer, além de ir a festas, óperas, bailes, jantares, passeios etc.? - comentou Leonie. -Uma moça da aristocracia que tem beleza, nível e um dote respeitável não devia se preocupar em atrair candidatos. Essa moça...
Nem precisou completar a frase. Elas já tinham visto lady Clara Fairfax em várias ocasiões. Sua beleza era impressionante: cabelos louros, olhos azuis, pele clara. Suas numerosas qualidades incluíam alta classe, uma linhagem impecável e um dote esplêndido; os homens se jogavam a seus pés por onde quer que ela passasse.
-Nunca mais na vida aquela moça será capaz de exercer tanto poder sobre os homens como agora - comentou Marcelline. -Ela devia esperar chegar mais perto dos 30 anos para se casar." (pág. 11/12)
"-É uma situação delicada. Devo ser agradável com os homens, que pagam as contas. Mas são as mulheres que desejam minhas roupas. Elas não terão vontade de dar preferência à minha loja se me virem como uma rival na disputa pela atenção de seus maridos." (pág. 31)
"-[...]Será que o senhor se deixou levar para tão longe das preocupações cotidianas da vida que não consegue nem entender? Não há nada neste mundo que seja realmente importante em sua vida, importante o suficiente para que deseje conquistá-lo, apesar dos obstáculos? Mas... que pergunta tola. Se o senhor tivesse um propósito na vida, estaria se entregando a ele, em vez de desperdiçar seus dias em Paris." (pág. 48)
"-Temos que ir aonde os aristocratas vão - explicara Marcelline.
-Não sei como eles não se cansam.
-Eles não são obrigados a trabalhar todos os dias, às nove da manhã." (pág. 58)
"Marcelline tinha plena consciência de que os negócios que ele queria discutir não eram as encomendas que lady Clara faria dali em diante. Ela fora tola em imaginar-se capaz de manipular aquele homem. Devia ter percebido que um duque está acostumado a ter tudo do seu jeito, em um nível que as pessoas comuns não podem imaginar. Já devia saber que o fato de conseguir tudo do jeito que quis durante toda a vida afetaria o cérebro dele e o tornaria totalmente diferente dos outros homens." (pág. 83)
"-Ela é a criatura mais ditatorial que conheci - afirmou ela.
-Sua Graça já teve a gentileza de mencionar esse meu defeito de caráter - disse Noirot, sem sequer olhar para Clevedon. -Sirvo as mulheres da moda o dia inteiro, seis dias por semana. Ou domino, ou sou dominada.
Ah, ali estava: a franqueza que desarma, fermentada por um toque de humor. Ela era mesmo insuperável." (pág. 149)
"-De qualquer maneira, não eram o que nós esperávamos. A Sra. Michaels ficou em estado de choque quando lhe informei que teríamos que servir as costureiras. Mas ela me disse que ficou totalmente surpresa quando as viu. Elas não se parecem com costureiras, de maneira alguma.
Os criados eram mais sensíveis a classes sociais do que os patrões. Podiam sentir o cheiro de comércio a cinquenta passos de distância. Eram capazes de detectar um impostor um minuto após ele abrir a boca." (pág. 231)
Autor: Loretta Chase
Páginas: 300
O livro é o primeiro volume da série "As modistas" que mostra o mundo da alta costura e da aristocracia do século XIX. Marcelline e suas duas irmãs possuem uma loja de moda em Londres. Preocupadas em conquistar clientes de alta classe, elas têm um sonho de vestir lady Clara Fairfax. Com esse objetivo, Marcelline se aproxima do duque de Clevedon, futuro marido de lady Clara, tentando impressioná-lo com a melhoria que podem fazer no guarda-roupa da futura duquesa.
Apesar da história não apresentar nada de novo na fórmula "romance com final feliz", o que me chamou mais a atenção foram os detalhes da moda em si. Os vestuários da alta classe são detalhadamente comentados, bem como a vida social da aristocracia, trazendo um colorido especial à história.
Trechos interessantes:
"-Fico me perguntando qual o motivo da pressa - disse Marcelline. -Ela só tem 21 anos.
-E o que ela tem para fazer, além de ir a festas, óperas, bailes, jantares, passeios etc.? - comentou Leonie. -Uma moça da aristocracia que tem beleza, nível e um dote respeitável não devia se preocupar em atrair candidatos. Essa moça...
Nem precisou completar a frase. Elas já tinham visto lady Clara Fairfax em várias ocasiões. Sua beleza era impressionante: cabelos louros, olhos azuis, pele clara. Suas numerosas qualidades incluíam alta classe, uma linhagem impecável e um dote esplêndido; os homens se jogavam a seus pés por onde quer que ela passasse.
-Nunca mais na vida aquela moça será capaz de exercer tanto poder sobre os homens como agora - comentou Marcelline. -Ela devia esperar chegar mais perto dos 30 anos para se casar." (pág. 11/12)
"-É uma situação delicada. Devo ser agradável com os homens, que pagam as contas. Mas são as mulheres que desejam minhas roupas. Elas não terão vontade de dar preferência à minha loja se me virem como uma rival na disputa pela atenção de seus maridos." (pág. 31)
"-[...]Será que o senhor se deixou levar para tão longe das preocupações cotidianas da vida que não consegue nem entender? Não há nada neste mundo que seja realmente importante em sua vida, importante o suficiente para que deseje conquistá-lo, apesar dos obstáculos? Mas... que pergunta tola. Se o senhor tivesse um propósito na vida, estaria se entregando a ele, em vez de desperdiçar seus dias em Paris." (pág. 48)
"-Temos que ir aonde os aristocratas vão - explicara Marcelline.
-Não sei como eles não se cansam.
-Eles não são obrigados a trabalhar todos os dias, às nove da manhã." (pág. 58)
"Marcelline tinha plena consciência de que os negócios que ele queria discutir não eram as encomendas que lady Clara faria dali em diante. Ela fora tola em imaginar-se capaz de manipular aquele homem. Devia ter percebido que um duque está acostumado a ter tudo do seu jeito, em um nível que as pessoas comuns não podem imaginar. Já devia saber que o fato de conseguir tudo do jeito que quis durante toda a vida afetaria o cérebro dele e o tornaria totalmente diferente dos outros homens." (pág. 83)
"-Ela é a criatura mais ditatorial que conheci - afirmou ela.
-Sua Graça já teve a gentileza de mencionar esse meu defeito de caráter - disse Noirot, sem sequer olhar para Clevedon. -Sirvo as mulheres da moda o dia inteiro, seis dias por semana. Ou domino, ou sou dominada.
Ah, ali estava: a franqueza que desarma, fermentada por um toque de humor. Ela era mesmo insuperável." (pág. 149)
"-De qualquer maneira, não eram o que nós esperávamos. A Sra. Michaels ficou em estado de choque quando lhe informei que teríamos que servir as costureiras. Mas ela me disse que ficou totalmente surpresa quando as viu. Elas não se parecem com costureiras, de maneira alguma.
Os criados eram mais sensíveis a classes sociais do que os patrões. Podiam sentir o cheiro de comércio a cinquenta passos de distância. Eram capazes de detectar um impostor um minuto após ele abrir a boca." (pág. 231)
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
Por favor, cuide da Mamãe
Título: Por favor, cuide da Mamãe
Autor: Kyung-Sook Shin
Páginas: 236
Park So-nyo é uma coreana, de 69 anos e mãe de cinco filhos, que vai a Seul com o marido para visitar um dos filhos. Na estação, devido ao tumulto, ela se perde do marido e ele acaba embarcando sozinho no trem. Desde então ela nunca mais foi vista.
A família, preocupada com o sumiço de Mamãe, coloca anúncio nos jornais, espalha cartazes pela cidade, pergunta a todos na rua, mas ninguém sabe do paradeiro dela. Entre uma lembrança e outra, todos os membros da família percebem que, de fato, não conheciam Mamãe como pensavam e se desesperam ao sentirem-se, eles, perdidos, sem a presença daquela que organizava tudo no lar.
Trechos interessantes:
"Há momentos em que a pessoa só pensa no assunto depois que algo acontece. Momentos em que pensamos: 'Eu não devia ter feito isso'." (pág. 16)
"O amor de Mamãe por Hyong-Chol era tal que ela costumava preparar uma tigela de ramen para ele comer sozinho quando chegasse tarde da noite em casa, após ficar mais um pouco na escola para estudar. Tempos depois, você às vezes lembrava o assunto, e seu namorado, Yu-bin, retrucava:
-É apenas macarrão instantâneo. Grande coisa...
-Como assim? Ramen era a melhor coisa naquela época! Era um prato que comíamos escondidos para não precisar dividir com ninguém!" (pág. 21)
"Quase nada neste mundo acontece de forma inesperada quando refletimos com atenção. Mesmo o que alguém poderia considerar incomum, se pensarmos bem, é apenas alguma coisa que tinha probabilidade de acontecer. Deparar-se repetidas vezes com acontecimentos incomuns significa pouca reflexão sobre eles." (pág. 34)
"Sua mãe contou que às vezes ficava ressentida com a mãe dela, sua avó.
-Sei que ela precisava fazer tudo sozinha depois que ficou viúva, mas podia ter me mandado à escola. Meu irmão foi para uma escola dirigida por japoneses e minha irmã também, então por que só eu fiquei em casa? Vivi na escuridão, sem nenhuma luz, minha vida inteira..." (pág. 63)
"-A senhora gostava de ficar na cozinha? Gostava de cozinhar?
Mamãe olhou para você.
-Não gosto nem desgosto da cozinha. Eu cozinhava porque precisava. Precisava ficar na cozinha para que todos vocês pudessem comer e ir à escola. Como é possível alguém fazer só o que gosta? Há coisas que a gente precisa fazer quer goste, quer não. - Sua mãe olhava para você com uma expressão que dizia: 'Que tipo de pergunta é essa?' E resmungou: -Se fizer apenas o que gosta, quem vai fazer o que você não gosta?" (pág. 64)
"As mãos de Mamãe estavam congeladas. Ao segurá-las, prometeu a si mesmo que faria aquelas mãos e aquela mulher felizes a qualquer custo. Mas uma reprimenda escapou de sua boca e ele perguntou como ela tivera coragem de seguir um estranho só porque ele lhe dissera para fazer isso. Mamãe o repreendeu:
-Como consegue viver sem confiar nas pessoas? Há mais gente boa do que má! - E deu seu típico sorriso otimista." (pág. 79)
"Quando sua esposa viajava para Seul sozinha, muitas vezes você sentava-se assim, isolado, na varanda. Sua esposa telefonava de Seul para perguntar: 'Você comeu?' e você respondia 'Quando você volta?'.
-Por quê? Está com saudade?
-Não, não se preocupe comigo - você dizia. -Dessa vez fique o tempo que quiser.
O que você dissesse, ao ouvi-lo perguntar 'Quando você volta?', sua esposa retornava, sem se importar com o motivo que a tinha levado a Seul. Se você a repreendesse com um 'Por que voltou tão cedo? Eu lhe disse para ficar o tempo que quisesse!', sua esposa retrucava 'Acha que vim por sua causa? Vim para alimentar o cachorro', e olhava para você." (pág. 128/129)
"Sua esposa morou em Chinmoe desde que nasceu e até se casar com você. Você tinha 20 anos quando sua irmã lhe comunicou que você se casaria com uma jovem de Chinmoe em um mês. Afirmou que se tratava de uma jovem cujo horóscopo combinava perfeitamente com o seu. Chinmoe. Era uma aldeia nas montanhas, distante 10 ri, cerca de 40 quilômetros, da sua aldeia. Naquela época, as pessoas se casavam sem que jamais tivessem visto o rosto uma da outra." (pág. 133)
"Mamãe começou a dizer 'quando eu morrer...' cada vez com mais frequência. Você sabe, essa foi a arma dela por um longo tempo. Sua única arma quando se tratava de filhos que não queriam fazer as coisas do jeito que ela queria que fizessem. Não sei quando isso começou, mas, sempre que não aprovava alguma coisa, Mamãe dizia 'Faça isso depois que eu morrer'." (pág. 217)
Autor: Kyung-Sook Shin
Páginas: 236
Park So-nyo é uma coreana, de 69 anos e mãe de cinco filhos, que vai a Seul com o marido para visitar um dos filhos. Na estação, devido ao tumulto, ela se perde do marido e ele acaba embarcando sozinho no trem. Desde então ela nunca mais foi vista.
A família, preocupada com o sumiço de Mamãe, coloca anúncio nos jornais, espalha cartazes pela cidade, pergunta a todos na rua, mas ninguém sabe do paradeiro dela. Entre uma lembrança e outra, todos os membros da família percebem que, de fato, não conheciam Mamãe como pensavam e se desesperam ao sentirem-se, eles, perdidos, sem a presença daquela que organizava tudo no lar.
Trechos interessantes:
"Há momentos em que a pessoa só pensa no assunto depois que algo acontece. Momentos em que pensamos: 'Eu não devia ter feito isso'." (pág. 16)
"O amor de Mamãe por Hyong-Chol era tal que ela costumava preparar uma tigela de ramen para ele comer sozinho quando chegasse tarde da noite em casa, após ficar mais um pouco na escola para estudar. Tempos depois, você às vezes lembrava o assunto, e seu namorado, Yu-bin, retrucava:
-É apenas macarrão instantâneo. Grande coisa...
-Como assim? Ramen era a melhor coisa naquela época! Era um prato que comíamos escondidos para não precisar dividir com ninguém!" (pág. 21)
"Quase nada neste mundo acontece de forma inesperada quando refletimos com atenção. Mesmo o que alguém poderia considerar incomum, se pensarmos bem, é apenas alguma coisa que tinha probabilidade de acontecer. Deparar-se repetidas vezes com acontecimentos incomuns significa pouca reflexão sobre eles." (pág. 34)
"Sua mãe contou que às vezes ficava ressentida com a mãe dela, sua avó.
-Sei que ela precisava fazer tudo sozinha depois que ficou viúva, mas podia ter me mandado à escola. Meu irmão foi para uma escola dirigida por japoneses e minha irmã também, então por que só eu fiquei em casa? Vivi na escuridão, sem nenhuma luz, minha vida inteira..." (pág. 63)
"-A senhora gostava de ficar na cozinha? Gostava de cozinhar?
Mamãe olhou para você.
-Não gosto nem desgosto da cozinha. Eu cozinhava porque precisava. Precisava ficar na cozinha para que todos vocês pudessem comer e ir à escola. Como é possível alguém fazer só o que gosta? Há coisas que a gente precisa fazer quer goste, quer não. - Sua mãe olhava para você com uma expressão que dizia: 'Que tipo de pergunta é essa?' E resmungou: -Se fizer apenas o que gosta, quem vai fazer o que você não gosta?" (pág. 64)
"As mãos de Mamãe estavam congeladas. Ao segurá-las, prometeu a si mesmo que faria aquelas mãos e aquela mulher felizes a qualquer custo. Mas uma reprimenda escapou de sua boca e ele perguntou como ela tivera coragem de seguir um estranho só porque ele lhe dissera para fazer isso. Mamãe o repreendeu:
-Como consegue viver sem confiar nas pessoas? Há mais gente boa do que má! - E deu seu típico sorriso otimista." (pág. 79)
"Quando sua esposa viajava para Seul sozinha, muitas vezes você sentava-se assim, isolado, na varanda. Sua esposa telefonava de Seul para perguntar: 'Você comeu?' e você respondia 'Quando você volta?'.
-Por quê? Está com saudade?
-Não, não se preocupe comigo - você dizia. -Dessa vez fique o tempo que quiser.
O que você dissesse, ao ouvi-lo perguntar 'Quando você volta?', sua esposa retornava, sem se importar com o motivo que a tinha levado a Seul. Se você a repreendesse com um 'Por que voltou tão cedo? Eu lhe disse para ficar o tempo que quisesse!', sua esposa retrucava 'Acha que vim por sua causa? Vim para alimentar o cachorro', e olhava para você." (pág. 128/129)
"Sua esposa morou em Chinmoe desde que nasceu e até se casar com você. Você tinha 20 anos quando sua irmã lhe comunicou que você se casaria com uma jovem de Chinmoe em um mês. Afirmou que se tratava de uma jovem cujo horóscopo combinava perfeitamente com o seu. Chinmoe. Era uma aldeia nas montanhas, distante 10 ri, cerca de 40 quilômetros, da sua aldeia. Naquela época, as pessoas se casavam sem que jamais tivessem visto o rosto uma da outra." (pág. 133)
"Mamãe começou a dizer 'quando eu morrer...' cada vez com mais frequência. Você sabe, essa foi a arma dela por um longo tempo. Sua única arma quando se tratava de filhos que não queriam fazer as coisas do jeito que ela queria que fizessem. Não sei quando isso começou, mas, sempre que não aprovava alguma coisa, Mamãe dizia 'Faça isso depois que eu morrer'." (pág. 217)
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