Título: Pássaro raro
Autor: Anna Whinston-Donaldson
Páginas: 240
Este é um livro sobre perda e a maneira de tentar adaptar sua vida após esta perda. Jack, um garoto de doze anos, sai para brincar com os amigos num riacho próximo de sua casa. Uma tempestade se inicia e, o que era antes um pequeno riacho, se torna um caudaloso rio e Jack morre por afogamento.
Anna, sua mãe, se desespera pois era uma brincadeira comum, por diversas vezes sem nenhum incidente e, de repente, acontece uma tragédia dessas. O livro tenta mostrar o sentimento de perda que a mãe sente. Como a vida pode se transformar, de um momento para o outro, sem que você possa fazer nada para modificar a situação.
Trechos interessantes:
"Não sei como sei, parada ali na margem, que Jack se foi para sempre. Como uma marcha pode ser mudada tão de repente, ao se chamar pelo filho numa tarde tranquila e perceber, horrorizada, que ele está morto ou agonizando?" (pág. 46)
"Margaret diz algo, no escuro, que chega a ela como uma revelação: 'Todas as vezes em que Jack e eu dissemos: Este é o pior dos dias!, não era verdade. Este é o pior de todos os dias'." (pág. 57)
"Ninguém nunca me contou que o luto é tão parecido com a vergonha." (pág. 82)
"Margaret me conta que ela às vezes imagina que, no final do dia, Jack passará por ela, abrirá a porta do carro e sentará no seu lugar, obrigando-a a pular por cima dele, como costumava fazer. Porém, ela está parada sozinha no lugar deles na frente da escola. Abre a porta do carro, iça sua mochila pesada para o lugar de Jack e salta por cima dela. O assento está vazio, mas ela não senta ali. Fico imaginando quantas vezes por dia ela ainda para e pensa, assim como eu: Isso aconteceu mesmo? Parece tão chocante, impossível e estranho. Como alguém pode morrer, quando seu cereal predileto está no armário, as roupas da escola, guardadas na gaveta, ou quando ainda recebe correspondência?" (pág. 99)
"Todos já ouviram falar que é difícil um casamento sobreviver à perda de um filho. Não sei quais são as estatísticas e não tenho pressa em descobrir. Digamos que, mesmo fazendo pouco tempo da morte de Jack, tenho consciência de que a contagem regressiva para o fim de nosso casamento já começou." (pág. 134)
"Acho que eu não entendia que não se pode aplicar matemática ao luto. Perda é perda. Evidentemente, me dei conta de que tenho uma filha e um marido sadios. Eu os amo profundamente, mas a presença dos dois aqui não anula a perda do outro 'lá'." (pág. 160)
"É claro que, lá no fundo, só sou moralmente contra qualquer pai ou mãe ter de homenagear o local onde o filho está enterrado, porque não acho que mães deveriam ter de enterrar filhos. Nunca. Então, o túmulo de Jack em branco é, de certa forma, meu protesto silencioso." (pág. 190)
"Quando Jack tinha seis anos, certo dia, estacionamos na entrada e ele disse: 'Acho que talvez eu queira ser um missionário, mas acho que sou muito tímido'.
[...]
Fico imaginando, pela maneira como ele ainda toca a vida das pessoas, mesmo um ano após a morte, se Jack não se tornou missionário sem precisar dizer uma única palavra." (pág. 215)
sexta-feira, 14 de julho de 2017
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