Título: Em busca da América
Autor: Anne Tyler
Páginas: 320
Dois casais estão no aeroporto aguardando a chegada de bebês que adotaram, vindos da Coreia. Um casal é iraniano e o outro, americano. Devido à similaridade da situação, acabam se conhecendo e se relacionando com o objetivo de trocar experiências na criação das crianças.
Logo passam a ser amigos inseparáveis e todos sempre acabam se reunindo para as intermináveis comemorações durante o crescimento das crianças. Com isso, o modo de ver a vida e as relações humanas das duas famílias são colocados em discussão, mostrando os pontos de vista dos americanos e daqueles que ali tentam construir sua vida.
Trechos interessantes:
"Pela experiência de Maryam, as esposas costumavam se adaptar mais rapidamente. Quase da noite para o dia, elas decodificavam os costumes nativos, dominavam os 'ins' e 'outs' dos supermercados e rodízios de carona, ganhavam confiança e segurança enquanto seus maridos, enterrados no trabalho, limitavam seu novo inglês a termos médicos ou ao vocabulário de salas de reuniões. Os homens dependiam das mulheres, naquela época, para lidar com o mundo prático para eles; mas no caso dos Hakimi, a situação parecia ter sido invertida." (pág. 50)
"Bom, certamente uma pessoa pode ter defeitos piores do que estes. Não eram suficientes para justificar o divórcio. Mas o fato era que eles tinham se casado sem muito mais do que um conhecimento superficial prévio. Ela percebeu isso tardiamente. Eles tinham se enamorado pela mera ideia um do outro - duas crianças obedientes tentando ao máximo agradar aos pais - e passaram quatro anos se mantendo em lados opostos do campus só para não ter que descobrir como eram pouco compatíveis." (pág. 64)
"Ziba uma vez lhe contou que seus pais acreditavam que as pessoas que não podiam ter filhos não deveriam ter filhos; não estavam destinadas a ter. 'Destino!', Ziba tinha dito com uma risada, mas Bitsy não riu com ela. Em vez disso, estendeu a mão e cobriu a de Ziba, e os olhos de Ziba de repente se encheram de lágrimas." (pág. 73)
"Mas sob nenhuma circunstância ela teria cogitado em deixar Jin-Ho por uma noite. Ficaria louca de preocupação! As crianças eram tão frágeis. Ela entendia isso agora. Quando se pensava em tudo que podia acontecer, as tomadas elétricas, os cordões das venezianas, a salmonela do frango, o verniz tóxico dos móveis, os pedaços de comida do tamanho da traqueia, os vidros de remédio destampados e os cinco centímetros letais de água na banheira, parecia um milagre que qualquer criança conseguisse chegar à idade adulta." (pág. 81)
"'Eu sei que Ziba acredita que estaremos salvando alguém', ele disse. 'Alguma criança que nunca terá uma oportunidade, um órfão destituído. Mas não é tão simples quanto ela pensa, mudar uma vida para melhor! É tão fácil fazer o mal neste mundo, mas tão difícil fazer o bem, é o que eu acho. É fácil bombardear um edifício e fazê-lo em pedaços, mas é difícil construir um; é mais fácil causar um dano a uma criança do que ajudar uma que tem problemas[...]'" (pág. 106)
"Eu costumava pensar que se alguém viesse a mim de repente e me dissesse, 'Seu marido acabou de morrer', quando ele estava perfeitamente saudável, eu teria achado mais fácil. Foi vê-lo ir se acabando devagar, devagar, devagar que tornou tudo muito mais difícil." (pág. 136)
"Era como caminhar por um tapete vermelho e então se virar para ver que os subordinados estavam enrolando-o atrás de você." (pág. 139)
"Já não aceitava convites para aquelas festas inúteis e superficiais que ela e Kiyan tinham suportado. Suas amigas ocasionalmente questionavam isso. Ou pelo menos, Danielle. Danielle estava sempre procurando por novos conhecidos e novas experiências. Mas Maryam dizia 'Por que me incomodar? Esta é a única coisa boa de ficar velha: eu sei do que gosto e do que não gosto'." (pág. 298)
terça-feira, 6 de junho de 2017
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