Título: As piores invenções da História
Autor: Eric Chaline
Páginas: 256
A história da humanidade é contada pela evolução de suas invenções. Porém, nem sempre as invenções foram a salvação da humanidade e, mesmo assim, muitas "contribuições" que elas ofereceram, poderiam ser melhor aproveitadas.
O livro apresenta uma relação de invenções que não deram certo, por um motivo ou outro, apresentando as falhas e os principais responsáveis por elas. O objetivo principal não é crucificar os "inventores" mas discutir as principais razões pelas quais a invenção não emplacou.
Trechos interessantes:
"No contexto deste livro, 'piores invenções' pode ter vários sentidos. O primeiro é de fracasso, seja heroico, trágico ou ridículo - embora às vezes as invenções tenham conseguido ser essas três coisas." (pág. 8)
"Se apenas uma fração dos trilhões de dólares gastos no petróleo e nas indústrias a ele relacionadas tivesse sido investida em outras tecnologias menos poluentes, poderíamos agora não estar enfrentando a catástrofe planetária que é o aquecimento global, além de uma série de outros problemas sociais, econômicos e ambientais. Contudo, uma combinação de ganância e visão de curto prazo por parte das grandes empresas e corrupção e falta de vontade dos governos permitiu que um recurso limitado e não renovável se tornasse a principal fonte de energia para o planeta e a matéria-prima para muitos de nossos bens de consumo." (pág. 22)
"Embora muitos países tenham abolido ou suspendido a pena de morte, ela ainda é praticada em certas nações, notadamente Estados Unidos, China e Irã. Nos dois últimos, é às vezes imposta por atos não considerados crimes em outras partes do mundo, como a execução de homens no Irã por serem homossexuais e de dissidentes políticos na China. Nessas circunstâncias, a pena de morte não é um instrumento de justiça, mas de opressão arbitrária do Estado." (pág. 31)
"Para uma pessoa comum, em particular nas culturas mais dependentes dos automóveis dos Estados Unidos e Europa, incluir o motor de combustão interna na lista das 'piores invenções' deve parecer absurdo. Afinal, a indústria automobilística tem sido um setor de vanguarda, impelindo o desenvolvimento econômico e tecnológico desde o início do século XX. Infelizmente o próprio sucesso criou um legado de desastres para a humanidade: engarrafamentos, poluição, recursos petrolíferos reduzidos e mudanças climáticas." (pág. 111/112)
"Se a indústria do fast-food precisa servir de bode expiatório por produzir e vender lixo comestível barato e delicioso, nós temos que aceitar nossa parcela de culpa por comprá-lo e comê-lo." (pág. 154)
"Embora muitos animais matem e comam membros de sua própria espécie, e às vezes seus próprios parceiros e crias, os seres humanos são únicos no reino animal pela capacidade de arriscar o extermínio de toda a sua espécie e, por extensão, de todas as demais espécies do planeta." (pág. 204)
"Muitos profetas são mal entendidos e insultados em sua época e, de fato, desde o tempo de Jesus, ser rejeitado e desprezado parece ser um pré-requisito para o cargo. talvez a medida de qualquer ideia ou sistema de crenças seja o homem ou a mulher que o criou. Abraão foi um pastor. Jesus, um carpinteiro, e Maomé, um condutor de camelos, mas as religiões que fundaram perduraram." (pág. 212)
"Os leitores com menos de 30 anos talvez não se lembrem dos cerca de 5 mil anos em que a civilização humana sobreviveu sem as contribuições vitais do e-mail, mecanismos de busca e pornografia on-line, mas tal época lendária existiu deveras." (pág. 227)
domingo, 18 de junho de 2017
terça-feira, 6 de junho de 2017
Em busca da América
Título: Em busca da América
Autor: Anne Tyler
Páginas: 320
Dois casais estão no aeroporto aguardando a chegada de bebês que adotaram, vindos da Coreia. Um casal é iraniano e o outro, americano. Devido à similaridade da situação, acabam se conhecendo e se relacionando com o objetivo de trocar experiências na criação das crianças.
Logo passam a ser amigos inseparáveis e todos sempre acabam se reunindo para as intermináveis comemorações durante o crescimento das crianças. Com isso, o modo de ver a vida e as relações humanas das duas famílias são colocados em discussão, mostrando os pontos de vista dos americanos e daqueles que ali tentam construir sua vida.
Trechos interessantes:
"Pela experiência de Maryam, as esposas costumavam se adaptar mais rapidamente. Quase da noite para o dia, elas decodificavam os costumes nativos, dominavam os 'ins' e 'outs' dos supermercados e rodízios de carona, ganhavam confiança e segurança enquanto seus maridos, enterrados no trabalho, limitavam seu novo inglês a termos médicos ou ao vocabulário de salas de reuniões. Os homens dependiam das mulheres, naquela época, para lidar com o mundo prático para eles; mas no caso dos Hakimi, a situação parecia ter sido invertida." (pág. 50)
"Bom, certamente uma pessoa pode ter defeitos piores do que estes. Não eram suficientes para justificar o divórcio. Mas o fato era que eles tinham se casado sem muito mais do que um conhecimento superficial prévio. Ela percebeu isso tardiamente. Eles tinham se enamorado pela mera ideia um do outro - duas crianças obedientes tentando ao máximo agradar aos pais - e passaram quatro anos se mantendo em lados opostos do campus só para não ter que descobrir como eram pouco compatíveis." (pág. 64)
"Ziba uma vez lhe contou que seus pais acreditavam que as pessoas que não podiam ter filhos não deveriam ter filhos; não estavam destinadas a ter. 'Destino!', Ziba tinha dito com uma risada, mas Bitsy não riu com ela. Em vez disso, estendeu a mão e cobriu a de Ziba, e os olhos de Ziba de repente se encheram de lágrimas." (pág. 73)
"Mas sob nenhuma circunstância ela teria cogitado em deixar Jin-Ho por uma noite. Ficaria louca de preocupação! As crianças eram tão frágeis. Ela entendia isso agora. Quando se pensava em tudo que podia acontecer, as tomadas elétricas, os cordões das venezianas, a salmonela do frango, o verniz tóxico dos móveis, os pedaços de comida do tamanho da traqueia, os vidros de remédio destampados e os cinco centímetros letais de água na banheira, parecia um milagre que qualquer criança conseguisse chegar à idade adulta." (pág. 81)
"'Eu sei que Ziba acredita que estaremos salvando alguém', ele disse. 'Alguma criança que nunca terá uma oportunidade, um órfão destituído. Mas não é tão simples quanto ela pensa, mudar uma vida para melhor! É tão fácil fazer o mal neste mundo, mas tão difícil fazer o bem, é o que eu acho. É fácil bombardear um edifício e fazê-lo em pedaços, mas é difícil construir um; é mais fácil causar um dano a uma criança do que ajudar uma que tem problemas[...]'" (pág. 106)
"Eu costumava pensar que se alguém viesse a mim de repente e me dissesse, 'Seu marido acabou de morrer', quando ele estava perfeitamente saudável, eu teria achado mais fácil. Foi vê-lo ir se acabando devagar, devagar, devagar que tornou tudo muito mais difícil." (pág. 136)
"Era como caminhar por um tapete vermelho e então se virar para ver que os subordinados estavam enrolando-o atrás de você." (pág. 139)
"Já não aceitava convites para aquelas festas inúteis e superficiais que ela e Kiyan tinham suportado. Suas amigas ocasionalmente questionavam isso. Ou pelo menos, Danielle. Danielle estava sempre procurando por novos conhecidos e novas experiências. Mas Maryam dizia 'Por que me incomodar? Esta é a única coisa boa de ficar velha: eu sei do que gosto e do que não gosto'." (pág. 298)
Autor: Anne Tyler
Páginas: 320
Dois casais estão no aeroporto aguardando a chegada de bebês que adotaram, vindos da Coreia. Um casal é iraniano e o outro, americano. Devido à similaridade da situação, acabam se conhecendo e se relacionando com o objetivo de trocar experiências na criação das crianças.
Logo passam a ser amigos inseparáveis e todos sempre acabam se reunindo para as intermináveis comemorações durante o crescimento das crianças. Com isso, o modo de ver a vida e as relações humanas das duas famílias são colocados em discussão, mostrando os pontos de vista dos americanos e daqueles que ali tentam construir sua vida.
Trechos interessantes:
"Pela experiência de Maryam, as esposas costumavam se adaptar mais rapidamente. Quase da noite para o dia, elas decodificavam os costumes nativos, dominavam os 'ins' e 'outs' dos supermercados e rodízios de carona, ganhavam confiança e segurança enquanto seus maridos, enterrados no trabalho, limitavam seu novo inglês a termos médicos ou ao vocabulário de salas de reuniões. Os homens dependiam das mulheres, naquela época, para lidar com o mundo prático para eles; mas no caso dos Hakimi, a situação parecia ter sido invertida." (pág. 50)
"Bom, certamente uma pessoa pode ter defeitos piores do que estes. Não eram suficientes para justificar o divórcio. Mas o fato era que eles tinham se casado sem muito mais do que um conhecimento superficial prévio. Ela percebeu isso tardiamente. Eles tinham se enamorado pela mera ideia um do outro - duas crianças obedientes tentando ao máximo agradar aos pais - e passaram quatro anos se mantendo em lados opostos do campus só para não ter que descobrir como eram pouco compatíveis." (pág. 64)
"Ziba uma vez lhe contou que seus pais acreditavam que as pessoas que não podiam ter filhos não deveriam ter filhos; não estavam destinadas a ter. 'Destino!', Ziba tinha dito com uma risada, mas Bitsy não riu com ela. Em vez disso, estendeu a mão e cobriu a de Ziba, e os olhos de Ziba de repente se encheram de lágrimas." (pág. 73)
"Mas sob nenhuma circunstância ela teria cogitado em deixar Jin-Ho por uma noite. Ficaria louca de preocupação! As crianças eram tão frágeis. Ela entendia isso agora. Quando se pensava em tudo que podia acontecer, as tomadas elétricas, os cordões das venezianas, a salmonela do frango, o verniz tóxico dos móveis, os pedaços de comida do tamanho da traqueia, os vidros de remédio destampados e os cinco centímetros letais de água na banheira, parecia um milagre que qualquer criança conseguisse chegar à idade adulta." (pág. 81)
"'Eu sei que Ziba acredita que estaremos salvando alguém', ele disse. 'Alguma criança que nunca terá uma oportunidade, um órfão destituído. Mas não é tão simples quanto ela pensa, mudar uma vida para melhor! É tão fácil fazer o mal neste mundo, mas tão difícil fazer o bem, é o que eu acho. É fácil bombardear um edifício e fazê-lo em pedaços, mas é difícil construir um; é mais fácil causar um dano a uma criança do que ajudar uma que tem problemas[...]'" (pág. 106)
"Eu costumava pensar que se alguém viesse a mim de repente e me dissesse, 'Seu marido acabou de morrer', quando ele estava perfeitamente saudável, eu teria achado mais fácil. Foi vê-lo ir se acabando devagar, devagar, devagar que tornou tudo muito mais difícil." (pág. 136)
"Era como caminhar por um tapete vermelho e então se virar para ver que os subordinados estavam enrolando-o atrás de você." (pág. 139)
"Já não aceitava convites para aquelas festas inúteis e superficiais que ela e Kiyan tinham suportado. Suas amigas ocasionalmente questionavam isso. Ou pelo menos, Danielle. Danielle estava sempre procurando por novos conhecidos e novas experiências. Mas Maryam dizia 'Por que me incomodar? Esta é a única coisa boa de ficar velha: eu sei do que gosto e do que não gosto'." (pág. 298)
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