Titulo: Os melhores contos de Bernardo Élis
Autor: Gilberto Mendonça Teles (org.)
Páginas: 174
O nome de Bernardo Élis é sempre reverenciado por ser um dos melhores escritores de nossa região. Seus contos, quase sempre utilizando a linguagem simples e natural do homem do campo, trazem à tona toda a alma e sensibilidade do povo goiano.
Aqui temos uma seleção variada e para todos os gostos, incluindo o célebre conto 'A enxada', conto este que já teve até uma versão para a TV, mas foi impedido pela censura política. Enfim, se você gosta de contos, aqui está uma ótima seleção.
Trechos interessantes:
O Quelemente, filho da velha, entrou. Estava ensopadinho da silva. Dependurou numa forquilha a caroça, - que é a maneira mais analfabeta de se esconder da chuva, - tirou a camisa molhada do corpo e se agachou na beira da fornalha." (pág. 27)
"Nesse tempo, dizia-me Anízio: - 'Na mulher a arte é bastante para redimir a prostituta; e por isso é a única forma digna de prostituição'." (pág. 36)
"Dona Rita costurava seus panos, no tarará da maquininha. Era preciso remendar e remendar sempre, fiel ao ditado: 'Remenda teu pano que durará um ano; remenda outra vez que durará um mês; torna a remendar que ainda há de durar'." (pág. 105)
"-Mas cuma é que esse pessoal veve? Num tou vendo ninguém não tocar roça, uai.
Para ela, todos deveriam fazer roça, criar bois, cavalos, porcos, tecer pano, fazer chapéu e sabão. Como não visse Reimundo fazer nada disso, tinha-o em má conta. 'Homem preguiçoso e inútil'." (pág. 107)
"-Chuva não deve de tardar - comentava capitão, espreitando o céu encardido.
-A chuva... - Neca repetia a palavra num eco, a boca seca, dente no dente. Não tinha terras para lavrar, nem gado para tratar, nem dinheiro para comprar mantimento quando viessem as colheitas. Portanto, tanto fazia chover ou não." (pág. 109)
"Mas Rosária exigia que as meninas, até que fossem dormir, dessem uma demão na labuta, que não deixassem de lavar os pés na bica, depois do que, que rezassem o padre-nosso e a salve-rainha e também o creindeuspadre, por via de uma premessa que não e d'hoje ela havera feito pra Nossa Senhora da Conceição que era madrinha de ambas as duas filhas dela. Entretanto, o tempo passando e Rosária mais a Veva e a Nhã enrolavam cumbersa mode desorientar as meninas e não permitir que elas entendessem certas coisas por causa que menina mulher é muito curioso demais de certas proveniências que só devem de ser entendidas ao seu devido tempo, mas que esse tal de Joãoboi não andava que nem o comum das gentes não porque ele não pissuía pé de gente não, ele pissuía era casco rachado tal e qual casco de boi." (pág. 123/124)
"Ela não ia deitar porque precisava terminar a colcha que principiara fazia muitos e muitos anos. Por que seria que a colcha não rendia, que tinha sempre uma coisa atrapalhando terminá-la? Até diziam que colcha de retalho a gente não deve nunca de acabar, porque no dia que a gente acaba uma colcha de retalhos, ela também acaba com a gente." (pág. 147)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
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