Título: Tio Petros e a Conjectura de Goldbach
Autor: Apostolos Doxiadis
Páginas: 163
Todo número par maior que 2 é igual à soma de dois números primos. Esta é a conjectura de Goldbach, um dos mais intrigantes desafios da matemática, justamente pelo seu enunciado simples e de fácil entendimento, mesmo pelos leigos. Apesar de já ter sido testada além da casa dos trilhões, ainda não foi possível demonstrá-la.
O livro - escrito por um matemático - conta a história de um homem (Tio Petros) que passou a vida inteira tentando demonstrar a conjectura. O livro é narrado pelo sobrinho - cujo nome não é citado - que, ao saber da história do tio se entusiasma e ao mesmo tempo se decepciona ao saber que o tio não teve o reconhecimento que deveria.
Trechos interessantes:
"O Segredo da Vida é traçar sempre metas alcançáveis. Elas podem ser fáceis ou difíceis, dependendo das circunstâncias, da personalidade e da capacidade de cada um, mas têm sempre que ser al-can-çá-veis!" (pág. 22)
"O que me fascinava era que meu tio, bondoso, reservado e aparentemente despretensioso, era, na realidade,um homem que, por escolha própria, lutara anos a fio nos limites mais extremos da ambição humana. Aquele homem que eu conhecia desde sempre, que era, na verdade, um parente bastante próximo, dedicara toda sua vida à resolução de Um dos Mais Difíceis Problemas da História da Matemática! Enquanto os irmãos estudavam e se casavam, criavam os filhos e administravam o negócio da família, consumindo suas vidas, junto com o restante da humanidade anônima, na rotina diária da subsistência, da procriação e do ócio, ele, tal como Prometeu, empenhava-se para iluminar o mais escuro e inacessível canto do conhecimento." (pág. 22/23)
"Por fim compreendi o significado do dizer na entrada da Academia de Platão: oudeis ageometretos eiseto, ou seja, 'Que não entrem os ignorantes em geometria'. A moral daquela noite surgiu cristalina: a matemática era algo muito mais interessante que a simples resolução de equações de segundo grau ou o cálculo de volume dos sólidos, tarefas menores que realizávamos na escola. Seus profissionais viviam em um verdadeiro paraíso conceitual, um reino poético e majestoso totalmente inacessível aos hoi polloi não matemáticos." (pág. 25)
"Grandes amores muitas vezes nascem da solidão, o que parece ter sido totalmente verdade no caso de meu tio e sua relação com os números durante toda vida. Descobriu seu talento particular para o cálculo muito cedo e não tardou para que este, na falta de outras diversões emocionais, se transformasse em uma verdadeira paixão." (pág. 53)
"[...]E eu consegui resultados intermediários, resultados maravilhosos e importantes, mas não os publiquei quando devia e outros acabaram chegando lá na minha frente. Infelizmente, na matemática não existe medalha de prata. O primeiro a anunciar e a publicar fica com toda a glória. Não sobra nada para mais ninguém." (pág. 89)
"O pré-requisito necessário - mas não suficiente, fique você sabendo - para a realização suprema é a devoção obstinada. Se você possuísse mesmo o dom que gostaria de ter, meu caro rapaz, você não teria vindo pedir a minha bênção para estudar matemática." (pág.120)
"Embora minha educação tenha sido escassa, embora eu tenha molhado apenas as pontas dos pés no imenso oceano da matemática, ela marcou para sempre a minha vida, dando-me o gostinho de um mundo superior. Sim, ela tornou a existência do Ideal um pouco mais plausível, até mesmo tangível." (pág. 130)
domingo, 27 de setembro de 2015
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