Título: Eu sou Malala
Autor: Malala Yousafzai / Christina Lamb
Páginas: 342
É difícil acreditar que em pleno século XXI ainda existam coisas como as mencionadas no livro. Para nós, ocidentais, palavras como educação, liberdade e conhecimento podem não ser vivenciadas em sua plenitude por todos, mas ao menos são discutidas e almejadas. Porém, em alguns países, não é isso que acontece.
Malala é uma jovem paquistanesa que sempre desejou estudar. Apoiada por seu pai, foi se destacando na escola e incentivando outras garotas a fazerem o mesmo. Os discursos da garota acabaram incomodando o Talibã que acha que as garotas não devem se educar. Malala se recusa a abandonar a escola, sofre um atentado num ônibus escolar e fica à beira da morte. E isso tudo porque ela só queria estudar!
Trechos interessantes:
"Em nossa cultura, todo homem é 'irmão' e toda mulher é 'irmã'. É esse o modo como consideramos um ao outro. Quando meu pai levou minha mãe à escola pela primeira vez, todos os professores se referiram a ela como 'esposa de meu irmão', ou bhabi. O apelido carinhoso pegou, e agora todas a chamamos de Bhabi." (pág. 13/14)
"Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar." (pág. 21)
"Enquanto os homens e os meninos podem andar livremente pela cidade, minha mãe não tinha autorização para sair de casa sem que um parente do sexo masculino a acompanhasse, mesmo que esse parente fosse um garotinho de cinco anos de idade. É a tradição." (pág. 34)
"Temos um costume chamado swara, segundo o qual uma menina pode ser dada a outra tribo para resolver uma desavença. Oficialmente, foi banido, mas na prática ainda existe. Em nossa aldeia havia uma viúva, Soraya, casada com um viúvo de um clã que tinha um desavença com a família dela. Ninguém pode se casar com um viúvo sem a permissão da própria família. Quando os parentes de Soraya souberam da união, ficaram furiosos. Ameaçaram a família do viúvo até que uma jirga de anciãos da aldeia foi convocada para resolver a disputa. A jirga decidiu que a família do viúvo devia ser punida, entregando sua moça mais bela para se casar com o homem menos aceitável do clã rival. O rapaz era um joão-ninguém, tão pobre que o pai da moça teve de pagar todas as despesas. Por que a vida de uma menina tem de ser arruinada para resolver uma desavença com a qual ela nada tem a ver?" (pág. 76/77)
"Meu pai me consolou citando os erros cometidos por alguns de nossos heróis quando estes eram crianças. Ele me contou que Mahatma Gandhi disse: 'Não se é digno de desfrutar a liberdade se isso não inclui a liberdade de cometer erros'." (pág. 81)
"Somos um povo de muitos ditados. Um deles é o seguinte: 'A pedra de um pachtum não deve enferrujar na água'. Isto é, não devemos esquecer nem perdoar. É por isso que raramente usamos a palavra manana, 'obrigado'. Acreditamos que um pachtum nunca haverá de esquecer um favor que lhe fizeram e é obrigado a retribuir, do mesmo modo como se vingará do mal que lhe impuserem. A gentileza só pode ser retribuída com gentileza e não deve ser paga com um simples 'obrigado'." (pág. 82)
"É assim que esses militantes agem. Querem ganhar os corações e as mentes do povo. Por isso, primeiro analisam os problemas locais e atacam os responsáveis por eles. Desse modo conseguem o apoio da maioria silenciosa. Foi o que fizeram no Waziristão, onde perseguiram bandidos e sequestradores. Depois, quando tomaram o poder, comportaram-se como os criminosos que um dia caçaram." (pág. 125)
"Embora amássemos estudar, só nos demos conta de quanto a educação é importante quando o Talibã tentou nos roubar esse direito. Frequentar a escola, ler, fazer nossos deveres de casa, não era apenas um modo de passar o tempo. Era nosso futuro." (pág. 156)
"O diário de Gul Makai chamou muita atenção. Alguns jornalistas o reproduziram. Então a BBC o colocou no ar usando a voz de outra menina. Comecei a entender que a caneta e as palavras podem ser muito mais poderosas do que metralhadoras, tanques ou helicópteros. Estávamos aprendendo a lutar. E a perceber como somos poderosos quando nos manifestamos." (pág. 167)
"O Talibã é contra a educação porque pensa que quando uma criança lê livros ou aprende inglês ou estuda ciência ele ou ela vai se ocidentalizar.
Mas eu disse:'Educação é educação. Deveríamos aprender tudo e então escolher qual caminho seguir'. Educação não é oriental nem ocidental, é humana." (pág. 172)
"Quando cruzamos o desfiladeiro Malakand, vi uma mocinha vendendo laranjas. Para cada laranja que vendia, ela fazia uma marquinha com lápis num pedaço de papel, pois não sabia ler nem escrever. Tirei uma foto e jurei que faria tudo o que estivesse a meu alcance para ajudar a educar garotas como ela. Era essa a guerra que eu iria travar." (pág. 228)
"O médico pôs a mão no ombro dele, garantiu que eu seria bem cuidada e que a família podia confiar nele. 'Não é um milagre que todos vocês estivessem aqui quando Malala foi baleada?', meu pai perguntou.
'É minha crença que Deus manda primeiro a solução e depois o problema', respondeu o medico." (pág. 281)
"Não senti nada de especial, talvez só um pouquinho de satisfação. 'Então eles conseguiram'. Só lamentei não haver tido a chance de falar com eles antes de me atingirem. Agora, os talibãs nunca ouviriam o que eu queria lhes dizer. Não tive um único pensamento ruim em relação ao homem que me baleou - não tive ideias de vingança. Só queria voltar para o Swat. Queria ir para casa." (pág. 295)
"Garanti a mamãe que a mim não importava que meu rosto não tivesse simetria. Logo eu, que sempre dera importância à minha aparência, ao aspecto do meu cabelo! Mas quando você vê a morte, as coisas mudam. 'Não importa se eu não puder sorrir ou piscar direito', eu disse a ela. 'Continuo sendo eu, Malala. O importante é que Deus me deu a vida'." (pág. 305)
domingo, 5 de julho de 2015
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