domingo, 28 de junho de 2015

O homem sem rosto

Título: O homem sem rosto
Autor: Hugh Pentecost
Páginas: 144

Jeremy Trail é o homem mais rico do mundo. Só há um problema: é difícil encontrar uma pessoa que o tenha visto. Um coronel aposentado desafia Julian Quist (proprietário da mais conceituada empresa de relações públicas) a encontrar alguém que tenha encontrado Trail pessoalmente. Por incrível que pareça, não será uma tarefa fácil.

Este é um dos poucos exemplares da coleção "Mistério" que ainda possuo. Quando a coleção foi lançada, eu possuía todos os exemplares mas, com o tempo, eles foram aos poucos desaparecendo... Geralmente são histórias
pequenas, do gênero policial com alguns toques de mistério ou suspense.

Trechos interessantes:

"-E por que o senhor acha que Trail iria utilizar o Alexandria para fins criminosos? - perguntou Quist.
-Ora, ninguém pode ser assim tão rico e ser honesto ao mesmo tempo - respondeu o coronel." (pág. 9)

"-Você já está comigo há bastante tempo, Dan, para saber que a curiosidade que sinto pelas pessoas é quase como uma doença em mim. Desde que me tornei um relações-públicas, tenho passado o tempo todo elaborando fachadas para pessoas e negociações, na maior parte das vezes falsas. E o que há por trás dessas fachadas é que me fascina, quer tenham sido criadas por mim ou não." (pág. 15/16)

"-Acho que foi Stephen Leacock quem descreveu um herói, como aquele que ataca em todas as direções ao mesmo tempo..." (pág. 51)

"Quist não pôde deixar de pensar que coisa extraordinária é o sistema nervoso humano. Quando se está dormindo e chega alguém conhecido a pessoa não acorda, mas se um estranho der um passo a metros de distância, a pessoa acorda imediatamente e se põe em alerta." (pág. 56)

"-Só uma taça de champanhe e cinco minutos de conversa... - insistiu ele. - Meus pensamentos são desrespeitosos, mas minha atitude será impecável e respeitadora, se você quiser." (pág. 89)

"Não adianta lutar contra um adversário que é mais forte; que você sabe que pode liquidar você. Por melhor que você seja, as categorias são diferentes e não pode haver luta." (pág. 138)

segunda-feira, 22 de junho de 2015

A incrível viagem de Shackleton

Título: A incrível viagem de Shackleton
Autor: Alfred Lansing
Páginas: 346

Em abril de 1914, Ernest Shackleton conduz um barco pelo Atlântico Sul, com o objetivo de cruzar o continente antártico. O barco fica preso num banco de gelo e acaba sendo destruído pelo gelo. 28 pessoas ficam, de repente, isoladas no meio do gelo.

O livro narra a aventura desse grupo de pessoas, sob o comando de Shackleton, em sobreviver em meio às tempestades, ausência de luz, isolamentos e, principalmente, as temperaturas absurdamente baixas. Após quase dois anos no mar, ninguém mais acreditava que algum deles retornasse vivo.

Trechos interessantes:

"A Antártida e a segurança financeira acabaram por se tornar mais ou menos sinônimos no pensamento de Shackleton. Ele achava que o sucesso nesse campo - algum maravilhoso rasgo de ousadia, um feito que pudesse conquistar a fantasia de todo mundo - iria abrir-lhe as portas da fama e da riqueza." (pág. 27)

"Apesar de todos os seus pontos cegos e de todas as suas inadequações, Shackleton mereceu esta homenagem:
Para a liderança científica, o melhor é Scott; para viajar depressa e com eficiência, Amundsen; mas quando você está numa situação perdida, quando parece que não há mais saída, ponha-se de joelhos e peça a Deus que seu chefe seja Shackleton." (pág. 28)

"Em todo o mundo não há desolação mais completa que a da noite polar. É uma volta à Idade do Gelo - sem calor, sem vida, sem movimento. Só quem já passou por isso pode avaliar plenamente o que significa ficar sem o sol dias e semanas a fio. Poucos homens desacostumados são capazes de combater os efeitos dessa provação, e ela já levou muitas pessoas à loucura." (pág. 58)

"Cada noite de sábado, antes que os homens se recolhessem, uma ração de grogue era distribuída a todos os tripulantes, seguida do brinde: 'Às nossas namoradas e mulheres.' Invariavelmente um coro de vozes acrescentava: 'E que elas nunca se encontrem'." (pág. 64)

"A adaptabilidade da criatura humana é tamanha que na verdade às vezes eles precisavam lembrar a si mesmos que estavam vivendo em circunstâncias desesperadas." (pág. 97)

"Li em algum lugar que um homem só precisa estar aquecido e com a barriga cheia para ser feliz, e estou começando a achar que é quase verdade. Sem preocupações, sem trens, sem cartas para responder, sem usar colarinho - mas eu não sei qual de nós deixaria de sair correndo se tivesse a oportunidade de voltar amanhã!" (pág. 116)

"O melhor que podiam esperar era que a dor nos pés continuasse, porque se a dor parasse, por mais que o desejassem, isso significaria que os pés estavam ficando congelados. Depois de algum tempo, eles precisavam de uma concentração extrema para continuar a mexer os dedos dos pés - seria tão fácil parar!" (pág. 208)

"Por menores que sejam as chances, ninguém aposta sua última possibilidade de sobrevivência em alguma coisa e depois fica acreditando que não vai dar certo." (pág. 246)

"Ao contrário da terra, onde a coragem e a simples vontade de resistir são muitas vezes decisivas para a sobrevivência, a luta contra o mar é um ato de combate físico, e não há como furtar-se a ele. É uma batalha que se trava contra um inimigo incansável, em que o homem nunca chega a ser o vencedor; o máximo que pode ambicionar é simplesmente não sair derrotado." (pág. 275)

"Quatro veteranos comandantes noruegueses, de cabelos brancos, se adiantaram. Seu porta-voz, falando norueguês, traduzido por Sorlle, disse que navegavam pelo Atlântico havia 40 anos e que queriam apertar as mãos dos homens que conseguiram trazer um barco aberto de 22 pés da ilha Elephant até a Geórgia do Sul, através da passagem de Drake.
[...]
Não houve nenhuma formalidade nem discursos. Não tinham medalhas ou condecorações a entregar - só sua sincera admiração por um feito que talvez só eles fossem capazes de apreciar plenamente. E sua sinceridade deu à cena uma solenidade simples, mas profundamente comovente." (pág. 338)

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Um pouco de seu sangue e outras histórias

Título: Um pouco de seu sangue e outras histórias
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 216

A primeira história (Um pouco de seu sangue) ocupa a metade do livro e é um misto de narrativa e excertos de correspondências. Achei muito longa para o tipo de história constante nas demais coletâneas do autor. Também não a achei das mais interessantes.

A outra metade do livro é composta por oito histórias, estas sim, fiéis ao estilo consagrado. Particularmente gostei de duas delas: 'Os veranistas' e 'Refém'. Mas há outras também, agradáveis de se ler.

Trechos interessantes:

"Provavelmente só casou com ela porque era a única moça das suas conhecidas que podia conversar com ele. Não havia mesmo nada mais entre os dois que valesse a pena de casar. Solidão. As pessoas se sentem sozinhas e por isso se enforcam e vão viver sozinhas uma com a outra." (pág. 9)

"A coisa mais atilada que já se disse sobre a mentira é esta que o melhor de tudo é dizer a verdade porque quem diz a verdade nunca precisa se lembrar do que disse." (pág. 26)

"Eu já disse isto e vou dizer de novo, no fim das contas o que um homem precisa mesmo é só encher a barriga e deixar que os outros pensem por ele, ninguém precisa pensar se não quer. E se isso não é o retrato escarrado do exército não sei o que seja." (pág. 47)

"Dei graças por poder falar com ela longe daquela ruína sombria e barulhenta que eles chamam casa. A palavra 'mesquinho' tem vários matizes de sentido; tudo naquela casa, nos seus habitantes e nas imediações corresponde a cada um desses matizes." (pág. 99)

"-Bem o cremos, Sr.Cochrane - retrucou o garoto de olhos de coruja, sem abandonar as suas maneiras corteses. -Sabemos que o senhor não é responsável, diretamente. Mas indiretamente, é responsável, e foi por isso que o tomamos como refém. Acontece, Sr.Cochrane, que o senhor agora é rico, goza a sua vida em segurança e a lei nada pode contra o senhor. São exemplos como o seu que inspiram os novatos no crime a raptar gente e o mais que segue." (pág. 178)

quinta-feira, 11 de junho de 2015

101 lugares para não conhecer antes de morrer

Título: 101 lugares para não conhecer antes de morrer
Autor: Catherine Price
Páginas: 286

Embalado na onda de lista de coisas a fazer, filmes a ver, livros a ler, lugares a conhecer, resolvi partir para o outro lado: lugares para não conhecer. Imaginei que seria uma relação de locais que, por um motivo ou outro, não valeria a pena visitar.

Tudo bem, alguns até que são. Mas há alguns 'locais' que são ridículos, como o local onde são criados os spams ou o quarto do seu chefe ou ainda Roma antiga em 64 d.C. Tudo bem que era para ter uma pitada de humor, mas aí também já é demais. Dos 101 lugares eu diria que quase a metade são 'sem noção' como os já citados.

Trechos interessantes:

"Uma viagem deve ser encarada como uma aventura, não uma tarefa a cumprir. Afinal, se for para passar as férias se preocupando com listas de afazeres, não faz nenhum sentido sair de casa." (pág. 19)

"Criado em 2002 pela Ordem Jogye de Budismo Coreano - a maior ordem budista da Coreia -, o programa [passar a noite em um templo coreano] tem como objetivo permitir que os visitantes 'conheçam um estilo de vida rígido e passem pelo treinamento mental e a experiência cultural da milenar tradição budista coreana'. Em outras palavras, é uma chance para fazer um test-drive da vida monacal." (pág. 51)

"Certas coisas me levam a indagar como a humanidade conseguiu sobreviver tanto tempo. Vejam a Corrida do Queijo, por exemplo, um festival anual onde centenas de pessoas se reúnem no Cooper's Hill, perto de Gloucester, na Inglaterra, só para correr atrás de um queijo colina abaixo. Ossos são quebrados. Articulações são deslocadas. Competidores são levados embora de maca. Isso seria até compreensível se houvesse algum grande prêmio em jogo, mas, nesta competição em particular, os participantes arriscam suas próprias vidas e membros apenas pela glória de levar para casa um queijo redondo Double Gloucester de três quilos." (pág. 59)

"A sua opinião sobre os ônibus de Samoa provavelmente irá depender de uma variável muito importante: se você se incomoda ou não com a proximidade de estranhos. E, quando eu digo proximidade, não estou falando de ficar com a sua cara enfiada no sovaco de alguém na hora do rush, estou falando de sentar no colo dos outros mesmo." (pág. 76)

"Se os gafanhotos são como psicopatas vorazes, as cigarras lembram mais um bando de universitários - desleixados, barulhentos e doidos por sexo." (pág. 80)

"Construído em vários estágios entre os anos 3000 e 1600 a.C., Stonehenge é um dos grandes mistérios do mundo antigo. Seria um templo? Um observatório astrológico? Um túmulo? Ninguém sabe ao certo, mas sabemos o seguinte: as pedras do monumento pesam mais de 50 toneladas cada e algumas vieram de lugares a quase 400 quilômetros de distância. E tudo isso foi erguido em uma época onde uma pá feita com a omoplata de uma vaca era a tecnologia de ponta. Então, seja lá qual fosse o objetivo original de Stonehenge, deveria ser algo bem importante." (pág. 174)

domingo, 7 de junho de 2015

A síndrome E

Título: A síndrome E
Autor: Franck Thilliez
Páginas: 368

Ao assistir a um filme antigo, Ludovic fica cego e liga para sua ex-namorada e detetive de polícia, Lucie. Ela envia o filme para especialistas e descobre que, dentro do filme, há outro filme oculto, com mensagens subliminares. A partir daí segue uma trama de espionagem que percorre a França, o Canadá e o Egito.

O livro é repleto de ação e típico do gênero, fazendo com que o leitor se interesse cada vez mais pela narrativa. Só uma mente perturbada poderia ser responsável pelas atrocidades mencionadas no livro. Para os amantes do gênero, uma boa leitura.

Trechos interessantes:

"-Tendemos a achar que é o olho que vê, mas ele é apenas uma ferramenta, só isso, um poço de luz. Leia esse texto, compreenderá.
Lucie pegou o cartão impresso que ele lhe estendia:
'Eset txeto etsá auqi para msotrar que nssoo cérbero não tdrauz exatamnte o que nssoo olho vê. Mas que, iflnueciado plea exeprinêcia, ele recohle globalemnte as palavars, sem se perocupar com a ordem das lertas.'" (pág. 41)

"É quando nos afastamos das coisas mais simples que nos damos conta para sempre de que elas não são assim tão sem graça." (pág. 74)

"-Como pode notar, o pedestre é soberano - observou Nahed, recuperando o sorriso. - O pedestre que está dentro de um carro, naturalmente.
Sem buzina, impossível avançar no Cairo. E sem uma boa audição, impossível atravessar." (pág. 108)

"Os assassinos de Claude Poignet não haviam escapado ao princípio de Locard, que dizia: 'Qualquer um, ou qualquer coisa, que esteja presente no local de um crime leva consigo algo desse local e deixa alguma coisa para trás quando parte.' Ninguém é infalível ou invisível, nem mesmo o mais consumado dos canalhas." (pág. 176)

"-Todos passamos por isso. As crianças existem para nos lembrar que nem sempre as prioridades são as que julgamos como tais. Mesmo às vezes sendo difícil, elas reorganizam nossa existência.
-Quantos filhos o senhor tem?
-Mais que o necessário." (pág. 196)

"Perguntaram a três pessoas, um alemão, um francês e um egípcio, qual seria a nacionalidade de Adão e Eva. O alemão respondeu: 'Adão e Eva têm uma saúde boa e levam uma vida higiênica; devem ser alemães!' O francês afirmou: 'Adão e Eva possuem corpos sublimes e eróticos: só podem ser franceses!' Mas foi o egípcio que deu o veredito: 'Adão e Eva andam nus como minhocas, não tem dinheiro sequer para comprar sapatos, e, ainda assim, estão convencidos de que vivem no Paraíso: são egípcios!'" (pág. 198)

"No fundo, ela queria se convencer de que havia esperança, de que todas as terras calcinadas terminam por regenerar-se, um verão ou outro. Aquele homem provavelmente vivera tudo que há de pior, teria, dia após dia, empurrado com seu bastão uma bolha de vida que se destruía incessantemente a cada nova incursão no domínio do Mal." (pág. 352/353)

"Não nos confunda com a ralé que povoa suas ruas. Somos cientistas, pensadores, tomadores de decisão, fazemos o mundo avançar. E todo avanço exige sacrifícios, de todos os tipos. Sempre foi assim, por que teria de mudar?" (pág. 357)