Título: 13 histórias de arrepiar
Autor: Alfred Hitchcock
Páginas: 250
Não se deixe influenciar pelo título, a única coisa sensata é que as histórias são em número de treze, o resto é só para chamar a atenção.Novamente, mais uma compilação de histórias de suspense, de qualidades variadas, algumas boas, outras nem tanto. No geral o livro está acima da média para o gênero, pois, na minha opinião, seis (talvez sete) histórias são boas.
Como curiosidade temos uma história ambientada no Brasil, incluindo os personagens com nomes comuns no Brasil, o que é raro de se encontrar nestas histórias. Entre as que considero boas, destaco: "Uma questão de Ética" (esta, a ambientada no Brasil) e "A última autópsia".
Trechos interessantes:
"Não tenho a menor ideia do que há com os Estados Unidos da América que faz com que as festividades se desvirtuem, ao chegar às nossas bandas." (pág. 9)
"Deem a uma criança um dos chamados brinquedos pedagógicos. Se a criança tiver um mínimo de espírito, irá destruir rapidamente o brinquedo e encontrará coisas interessantes e variadas para fazer com a caixa que o continha." (pág. 12)
"Manuel permitiu-se uma risadinha, a caminho do centro da cidade. Se alguém salva sua vida, pensou ele, então você lhe deve uma vida em troca. E se alguém paga por uma morte, então você lhe fica devendo uma morte pelo dinheiro que recebeu." (pág. 43)
"Ele sempre procurava manter uma aparência calma e comum na presença dos serviçais. Camareiros, garçons, recepcionistas de hotel, todos possuíam uma capacidade irritante de se recordar de certos pequenos maneirismos dos fregueses, ao serem interrogados posteriormente." (pág. 54/55)
"Do ponto de vista da punição, os assassinatos só ocorriam se os outros descobriam. Mas ele não ia sair pela rua a dizer a todo mundo que assassinara a esposa. Ela também não contaria nada a ninguém. E a única coisa que o velho relógio de pé diria seriam as horas." (pág. 71)
"Em seu ofício, ser reconhecido pelos amigos significava ser, mais cedo ou mais tarde, localizado pelos inimigos." (pág. 82)
"Era como a piada do londrino que dormia com as batidas do Big Ben, durante anos a fio. Mas na noite em que o relógio quebrou e as badaladas não soaram, o londrino acordou sobressaltado, gritando: 'O que aconteceu?'" (pág. 94)
"Não nos conhecemos uns aos outros, Roy. Mas conhecemos ainda menos a nós mesmos. Estou absolutamente convencido disso." (pág. 199)
domingo, 28 de outubro de 2012
terça-feira, 23 de outubro de 2012
O enigma do oito
Título: O enigma do oito
Autor: Katherine Neville
Páginas: 678
Romance histórico com dois eixos paralelos, o primeiro de 1790 e o outro de 1970. As linhas são interligadas, sendo a segunda, consequência da primeira. Durante o transcorrer da história várias figuras célebres fazem parte da mesma: Voltaire, Robespierre, Napoleão, Benjamin Franklin, etc.
O enredo em si é simples: um jogo de xadrez criado por Carlos Magno possui poderes mágicos e se encontra enterrado na abadia de Montglane. Ao saber que o tesouro está ameaçado, a abadessa resolve esparramar as peças pelo mundo. O resto da história é todo mundo (há os vilões e os mocinhos, é claro!) correndo atrás para reagrupar as peças e descobrir o segredo escondido.
Mesmo sendo um livro repleto de ação (armadilhas, fugas, disfarces, perseguição, etc) achei a história muito longa.
Trechos interessantes:
"A primeira mulher a fazer qualquer coisa nunca encontra facilidades. Seja você a primeira astronauta ou a primeira funcionária de lavanderia chinesa nos Estados Unidos, terá de aprender a aceitar piadinhas, insinuações, cantadas e olhares compridos na direção de suas pernas. Além disso, você deve se preparar para trabalhar mais do que os outros e receber um salário menor." (pág. 30)
"As mulheres controlavam a França, como ele sabia melhor do que ninguém.
Embora a lei não permitisse que uma mulher assumisse o trono francês, elas obtinham o poder por outros meios e selecionavam os candidatos ao mando de acordo com critérios muito particulares." (pág. 63)
"-Se você chama de 'discreto' o ato de encher toda a França de filhos ilegítimos, enquanto finge que é padre e sai por aí dando extremas-unções, eu gostaria de saber o que você considera 'devasso'." (pág. 65)
"A Rússia é atrasada em tantas coisas, pensou a abadessa. Um país regido por um calendário, uma religião e uma cultura totalmente diferentes." (pág. 121)
"-Como disse Sherlock Holmes, 'é um erro crucial teorizar antes de se obterem todos os dados'." (pág. 145)
"-'Morri pela beleza, morri pela verdade' - citou ele. - Todo mundo tem uma causa qualquer, pela qual acredita que seria capaz de dar a vida. Mas nunca ouvi falar de alguém disposto a morrer só por um dia de trabalho desnecessário na Consolidated Edison!" (pág. 171)
"Por que a plebe tem sempre que parecer tão plebeia?, pensou a embaixatriz. As intermináveis horas que já passara, trabalhando duramente em intrigas políticas, gastando parte de sua considerável fortuna em subornos e propinas com os burocratas certos... Tudo aquilo para o bem de gentinha miserável como aquela!" (pág. 188)
"-A matemática é música - retrucou Bach. - E a recíproca é verdadeira. Não faz diferença que se acredite que a palavra 'música' deriva de musa, ou de mute, que significa 'a boca do oráculo'. Se você achar que 'matemática' deriva de mathenein, que quer dizer 'aprendizado', ou de matrix, o útero de toda a Criação, não faz a menor diferença..." (pág. 204)
"Sempre fora um homem sem família, nunca experimentara a necessidade de outro ser humano. Talvez fosse melhor assim, pensou, com amargor. Quem não ama, não pode perder o objeto do amor." (pág. 236)
"Tática é saber o que fazer quando há o que fazer.
Estratégia é saber o que fazer quando não há nada a fazer. (Savielly Tartokover - grande mestre polonês)" (pág. 247)
"Fora tudo como se alguém tivesse destampado por instantes o vaso finíssimo que continha a civilização, para que ela pudesse dar uma breve olhada no horror da bestialidade humana, sempre oculta por um verniz muito tênue." (pág. 299/300)
"-Segundo isto aqui, Tikjda fica a apenas cinquenta quilômetros de onde estamos, e a ponte é logo adiante!
-É, mas os mapas só mostram as distâncias na horizontal... Lugares que parecem próximos em duas dimensões podem ser bem distantes, na realidade." (pág. 389)
"-Ele e eu somos nahnu malihin, pessoas obrigadas a dividir o sal. No deserto, repartir o sal com alguém vale mais que dar ouro de presente!" (pág. 396)
"Se um homem pudesse dizer e fazer o que pensa,seria capaz de se transformar." (pág. 447)
"Ah, Courtiade, como o rio das possibilidades se congela depressa no inverno da vida!" (pág. 529)
"-Nem sempre uma mulher bonita é inteligente - comentou Napoleão. - Mas as mulheres inteligentes são sempre bonitas!" (pág. 583)
"-Monsieur - disse-lhe o corso, um dia, ao café da manhã, à frente de toda a corte -, o senhor não passa de um monte de merda num par de meias de seda." (pág. 670)
Autor: Katherine Neville
Páginas: 678
Romance histórico com dois eixos paralelos, o primeiro de 1790 e o outro de 1970. As linhas são interligadas, sendo a segunda, consequência da primeira. Durante o transcorrer da história várias figuras célebres fazem parte da mesma: Voltaire, Robespierre, Napoleão, Benjamin Franklin, etc.
O enredo em si é simples: um jogo de xadrez criado por Carlos Magno possui poderes mágicos e se encontra enterrado na abadia de Montglane. Ao saber que o tesouro está ameaçado, a abadessa resolve esparramar as peças pelo mundo. O resto da história é todo mundo (há os vilões e os mocinhos, é claro!) correndo atrás para reagrupar as peças e descobrir o segredo escondido.
Mesmo sendo um livro repleto de ação (armadilhas, fugas, disfarces, perseguição, etc) achei a história muito longa.
Trechos interessantes:
"A primeira mulher a fazer qualquer coisa nunca encontra facilidades. Seja você a primeira astronauta ou a primeira funcionária de lavanderia chinesa nos Estados Unidos, terá de aprender a aceitar piadinhas, insinuações, cantadas e olhares compridos na direção de suas pernas. Além disso, você deve se preparar para trabalhar mais do que os outros e receber um salário menor." (pág. 30)
"As mulheres controlavam a França, como ele sabia melhor do que ninguém.
Embora a lei não permitisse que uma mulher assumisse o trono francês, elas obtinham o poder por outros meios e selecionavam os candidatos ao mando de acordo com critérios muito particulares." (pág. 63)
"-Se você chama de 'discreto' o ato de encher toda a França de filhos ilegítimos, enquanto finge que é padre e sai por aí dando extremas-unções, eu gostaria de saber o que você considera 'devasso'." (pág. 65)
"A Rússia é atrasada em tantas coisas, pensou a abadessa. Um país regido por um calendário, uma religião e uma cultura totalmente diferentes." (pág. 121)
"-Como disse Sherlock Holmes, 'é um erro crucial teorizar antes de se obterem todos os dados'." (pág. 145)
"-'Morri pela beleza, morri pela verdade' - citou ele. - Todo mundo tem uma causa qualquer, pela qual acredita que seria capaz de dar a vida. Mas nunca ouvi falar de alguém disposto a morrer só por um dia de trabalho desnecessário na Consolidated Edison!" (pág. 171)
"Por que a plebe tem sempre que parecer tão plebeia?, pensou a embaixatriz. As intermináveis horas que já passara, trabalhando duramente em intrigas políticas, gastando parte de sua considerável fortuna em subornos e propinas com os burocratas certos... Tudo aquilo para o bem de gentinha miserável como aquela!" (pág. 188)
"-A matemática é música - retrucou Bach. - E a recíproca é verdadeira. Não faz diferença que se acredite que a palavra 'música' deriva de musa, ou de mute, que significa 'a boca do oráculo'. Se você achar que 'matemática' deriva de mathenein, que quer dizer 'aprendizado', ou de matrix, o útero de toda a Criação, não faz a menor diferença..." (pág. 204)
"Sempre fora um homem sem família, nunca experimentara a necessidade de outro ser humano. Talvez fosse melhor assim, pensou, com amargor. Quem não ama, não pode perder o objeto do amor." (pág. 236)
"Tática é saber o que fazer quando há o que fazer.
Estratégia é saber o que fazer quando não há nada a fazer. (Savielly Tartokover - grande mestre polonês)" (pág. 247)
"Fora tudo como se alguém tivesse destampado por instantes o vaso finíssimo que continha a civilização, para que ela pudesse dar uma breve olhada no horror da bestialidade humana, sempre oculta por um verniz muito tênue." (pág. 299/300)
"-Segundo isto aqui, Tikjda fica a apenas cinquenta quilômetros de onde estamos, e a ponte é logo adiante!
-É, mas os mapas só mostram as distâncias na horizontal... Lugares que parecem próximos em duas dimensões podem ser bem distantes, na realidade." (pág. 389)
"-Ele e eu somos nahnu malihin, pessoas obrigadas a dividir o sal. No deserto, repartir o sal com alguém vale mais que dar ouro de presente!" (pág. 396)
"Se um homem pudesse dizer e fazer o que pensa,seria capaz de se transformar." (pág. 447)
"Ah, Courtiade, como o rio das possibilidades se congela depressa no inverno da vida!" (pág. 529)
"-Nem sempre uma mulher bonita é inteligente - comentou Napoleão. - Mas as mulheres inteligentes são sempre bonitas!" (pág. 583)
"-Monsieur - disse-lhe o corso, um dia, ao café da manhã, à frente de toda a corte -, o senhor não passa de um monte de merda num par de meias de seda." (pág. 670)
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
O sol por testemunha
Título: O sol por testemunha
Autor: Patricia Highsmith
Páginas: 276
Tom Ripley é um cidadão que vive de chantagear as pessoas, alegando fraude no imposto de renda. A sorte lhe bate à porta quando é abordado por um pai de um antigo colega de escola, cujo filho está na Itália, e está procurando alguém para convencê-lo a voltar para a América. Tom aceita a missão com a esperança de conhecer a Europa às custas do seu benfeitor.
Apesar da história já conhecida e de críticas positivas de todas as partes, não sou muito adepto de livros desta natureza. A história é interessante e prende a atenção, sem dúvida, mas me deixa a impressão de que o autor quer fazer crer que o crime compensa.
Trechos interessantes:
"Greenleaf era um sujeito tão decente, que para ele todo mundo de repente se tornava decente também. Quase esquecera que ainda existia gente assim." (pág. 14)
"Não consigo me decidir se gosto de homens ou de mulheres, portanto estou pensando em desistir dos dois." (pág. 82)
"Queria poder dizer em Majorca, Atenas ou Cairo, ou onde quer que se achasse: 'Sim, moro em Roma. Mantenho um apartamento na cidade'. 'Manter' era a palavra usada quanto a apartamentos, entre a alta sociedade internacional. Mantinha-se um apartamento na Europa como quem mantém uma garagem na América." (pág. 129)
"Sentia-se só, mas não solitário." (pág. 134)
"Não há nada como ter orgulho de quem se ama, não é mesmo? Não conversamos uma vez sobre isso?" (pág. 172)
"Agradou-o o fato de não haver carros em Veneza. Tornava-a mais humana. As ruas eram como veias, pensou, e o povo era o sangue circulando por toda parte." (pág. 185)
"Peter estava com roupas italianas da cabeça aos pés. Tom notara, nas festas e no teatro, que os homens que usavam roupas inglesas eram quase sempre italianos, e vice-versa." (pág. 219)
"Adorava possuir coisas, não em grande quantidade, mas um número de objetos selecionados dos quais não queria se desfazer. Faziam com que a pessoa adquirisse auto-respeito. Não a ostentação, mas a boa qualidade, e o amor à qualidade. Suas posses o faziam lembrar que estava vivo e amar sua existência. Era simples." (pág. 236)
"O dinheiro tornava-lhe possível agora ir à Grécia, colecionar cerâmica etrusca, se quisesse (lera recentemente um livro muito interessante escrito por um americano que morava em Roma), ser membro de sociedades artísticas e fazer donativos. Permitia-lhe, por exemplo, ler Malraux nessa noite, até a hora que quisesse, pois não precisava ir trabalhar de manhã." (pág. 237)
"[...]Como a história de San Remo. Eram boas porque as imaginava com tanta intensidade que acabava por acreditar nelas." (pág. 239)
Autor: Patricia Highsmith
Páginas: 276
Tom Ripley é um cidadão que vive de chantagear as pessoas, alegando fraude no imposto de renda. A sorte lhe bate à porta quando é abordado por um pai de um antigo colega de escola, cujo filho está na Itália, e está procurando alguém para convencê-lo a voltar para a América. Tom aceita a missão com a esperança de conhecer a Europa às custas do seu benfeitor.
Apesar da história já conhecida e de críticas positivas de todas as partes, não sou muito adepto de livros desta natureza. A história é interessante e prende a atenção, sem dúvida, mas me deixa a impressão de que o autor quer fazer crer que o crime compensa.
Trechos interessantes:
"Greenleaf era um sujeito tão decente, que para ele todo mundo de repente se tornava decente também. Quase esquecera que ainda existia gente assim." (pág. 14)
"Não consigo me decidir se gosto de homens ou de mulheres, portanto estou pensando em desistir dos dois." (pág. 82)
"Queria poder dizer em Majorca, Atenas ou Cairo, ou onde quer que se achasse: 'Sim, moro em Roma. Mantenho um apartamento na cidade'. 'Manter' era a palavra usada quanto a apartamentos, entre a alta sociedade internacional. Mantinha-se um apartamento na Europa como quem mantém uma garagem na América." (pág. 129)
"Sentia-se só, mas não solitário." (pág. 134)
"Não há nada como ter orgulho de quem se ama, não é mesmo? Não conversamos uma vez sobre isso?" (pág. 172)
"Agradou-o o fato de não haver carros em Veneza. Tornava-a mais humana. As ruas eram como veias, pensou, e o povo era o sangue circulando por toda parte." (pág. 185)
"Peter estava com roupas italianas da cabeça aos pés. Tom notara, nas festas e no teatro, que os homens que usavam roupas inglesas eram quase sempre italianos, e vice-versa." (pág. 219)
"Adorava possuir coisas, não em grande quantidade, mas um número de objetos selecionados dos quais não queria se desfazer. Faziam com que a pessoa adquirisse auto-respeito. Não a ostentação, mas a boa qualidade, e o amor à qualidade. Suas posses o faziam lembrar que estava vivo e amar sua existência. Era simples." (pág. 236)
"O dinheiro tornava-lhe possível agora ir à Grécia, colecionar cerâmica etrusca, se quisesse (lera recentemente um livro muito interessante escrito por um americano que morava em Roma), ser membro de sociedades artísticas e fazer donativos. Permitia-lhe, por exemplo, ler Malraux nessa noite, até a hora que quisesse, pois não precisava ir trabalhar de manhã." (pág. 237)
"[...]Como a história de San Remo. Eram boas porque as imaginava com tanta intensidade que acabava por acreditar nelas." (pág. 239)
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Massacre em Estocolmo
Título: Massacre em Estocolmo
Autor: Sjowall & Wahloo
Páginas: 228
Em Estocolmo, numa noite fria e chuvosa, um ônibus é metralhado e ninguém escapa com vida. Diante dessa situação bizarra se encontram os policiais que, sem pistas à primeira vista, tentam descobrir o responsável. Após muita investigação descobre-se que a causa pode ter se originado num crime cometido há dezesseis anos.
Como era de se esperar em livros desse tipo, a narrativa é lenta e muitas vezes maçante. Todo trabalho investigativo leva tempo e tem que ser construído peça por peça e, muitas vezes, um pequeno detalhe é que faz a diferença. É um bom livro, mas nada de especial.
Trechos interessantes:
"...por que, diabo, as pessoas não iam para casa. Na categoria 'pessoas', ele incluía o chefe de polícia, o subchefe, e vários superintendentes e inspetores que, em consequência dos tumultos, felizmente desfeitos, estavam se cruzando nos corredores. Tão logo essas pessoas decidissem dar o dia por acabado e saíssem, ele o faria também, e o mais depressa possível." (pág. 15)
"Os laços entre os dois tinham se enfraquecido ao longo dos anos, e era um alívio não ter que compartilhar de uma cama com ela. Tal impressão muitas vezes lhe doía na consciência, mas, depois de dezessete anos de casado, não lhe parecia possível fazer algo a respeito, e já há longo tempo ele deixara de se preocupar com quem seria o culpado." (pág. 18/19)
"'Por que você está sempre procurando em mim os defeitos de uma criança?'
Kollberg respondera: 'Para quebrar sua casca de autoconfiança. Para lhe dar uma chance de reconstruí-la novamente. Para transformá-lo em um bom policial, um dia. Para ensinar-lhe a bater às portas'." (pág. 60)
"-Li em algum lugar - lembrou Kollberg - , que, em cada mil americanos, um ou dois são potencialmente assassinos de massa. Mas, por favor, não me perguntem agora como chegaram a essa conclusão." (pág. 100)
"-Há um latente desprezo por policiais em todas as classes da sociedade - comentou Melander -,e só é preciso uma oportunidade para que isso se manifeste.
-Oh - exclamou Kollberg, num desinteresse total -, e qual o motivo disso?
-A razão é que toda polícia é um mal necessário - explicou Melander -, e todos sabem, inclusive criminosos profissionais, que podem ver-se de repente em situações nas quais só a polícia pode ajudá-los." (pág. 108)
"-O nó da questão é, logicamente - proseguiu Melander, despreocupado -, o paradoxo de que a profissão de policial exige de quem a abraça as mais excepcionais qualidades físicas, morais, mentais e de inteligência, mas não tem nada que atraia as pessoas que as possuam." (pág. 108/109)
"Inga tinha uma fraqueza pelos clichês. Seria possível fazer uma coleção das expressões que usava e vendê-la como manual para jornalistas principiantes: 'Se Pode Falar, Pode Escrever', seria o título, pensou Martin Beck." (pág. 164)
"-Vou contar-lhe uma coisa que nunca disse a ninguém - revelou ele. - É que eu lamento por quase todo sujeito que temos de prender. Eles são apenas um monte de merda, que jamais deveriam ter nascido. Não é culpa deles se tudo vai para o inferno e eles não compreendem por quê. São tipos como este que acabam com a vida. Porco pão-duro que só pensa em seu dinheiro e em suas casas e na família e em seu chamado status social. Que pensam que podem dar ordens só porque estão por cima." (pág. 225/226)
Autor: Sjowall & Wahloo
Páginas: 228
Em Estocolmo, numa noite fria e chuvosa, um ônibus é metralhado e ninguém escapa com vida. Diante dessa situação bizarra se encontram os policiais que, sem pistas à primeira vista, tentam descobrir o responsável. Após muita investigação descobre-se que a causa pode ter se originado num crime cometido há dezesseis anos.
Como era de se esperar em livros desse tipo, a narrativa é lenta e muitas vezes maçante. Todo trabalho investigativo leva tempo e tem que ser construído peça por peça e, muitas vezes, um pequeno detalhe é que faz a diferença. É um bom livro, mas nada de especial.
Trechos interessantes:
"...por que, diabo, as pessoas não iam para casa. Na categoria 'pessoas', ele incluía o chefe de polícia, o subchefe, e vários superintendentes e inspetores que, em consequência dos tumultos, felizmente desfeitos, estavam se cruzando nos corredores. Tão logo essas pessoas decidissem dar o dia por acabado e saíssem, ele o faria também, e o mais depressa possível." (pág. 15)
"Os laços entre os dois tinham se enfraquecido ao longo dos anos, e era um alívio não ter que compartilhar de uma cama com ela. Tal impressão muitas vezes lhe doía na consciência, mas, depois de dezessete anos de casado, não lhe parecia possível fazer algo a respeito, e já há longo tempo ele deixara de se preocupar com quem seria o culpado." (pág. 18/19)
"'Por que você está sempre procurando em mim os defeitos de uma criança?'
Kollberg respondera: 'Para quebrar sua casca de autoconfiança. Para lhe dar uma chance de reconstruí-la novamente. Para transformá-lo em um bom policial, um dia. Para ensinar-lhe a bater às portas'." (pág. 60)
"-Li em algum lugar - lembrou Kollberg - , que, em cada mil americanos, um ou dois são potencialmente assassinos de massa. Mas, por favor, não me perguntem agora como chegaram a essa conclusão." (pág. 100)
"-Há um latente desprezo por policiais em todas as classes da sociedade - comentou Melander -,e só é preciso uma oportunidade para que isso se manifeste.
-Oh - exclamou Kollberg, num desinteresse total -, e qual o motivo disso?
-A razão é que toda polícia é um mal necessário - explicou Melander -, e todos sabem, inclusive criminosos profissionais, que podem ver-se de repente em situações nas quais só a polícia pode ajudá-los." (pág. 108)
"-O nó da questão é, logicamente - proseguiu Melander, despreocupado -, o paradoxo de que a profissão de policial exige de quem a abraça as mais excepcionais qualidades físicas, morais, mentais e de inteligência, mas não tem nada que atraia as pessoas que as possuam." (pág. 108/109)
"Inga tinha uma fraqueza pelos clichês. Seria possível fazer uma coleção das expressões que usava e vendê-la como manual para jornalistas principiantes: 'Se Pode Falar, Pode Escrever', seria o título, pensou Martin Beck." (pág. 164)
"-Vou contar-lhe uma coisa que nunca disse a ninguém - revelou ele. - É que eu lamento por quase todo sujeito que temos de prender. Eles são apenas um monte de merda, que jamais deveriam ter nascido. Não é culpa deles se tudo vai para o inferno e eles não compreendem por quê. São tipos como este que acabam com a vida. Porco pão-duro que só pensa em seu dinheiro e em suas casas e na família e em seu chamado status social. Que pensam que podem dar ordens só porque estão por cima." (pág. 225/226)
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