Título: O homem que calculava
Autor: Malba Tahan
Páginas: 218
Sempre fui fascinado por enigmas, problemas de lógica, quebra-cabeças e coisas do gênero. Por isso, o achado desse livro (à época em que o li) foi um momento de êxtase. Em mil novecentos e lá vai fumaça não era fácil encontrar um livro desejado (a internet ainda nem sonhava em aparecer) e quando o encontrei num sebo, agarrei-o avidamente antes que algum outro aventureiro o fizesse.
E o livro realmente é fantástico. O autor (que por sinal é brasileiro) monta uma historinha do tempo das mil e uma noites, inserindo problemas curiosos de matemática, tornando a leitura agradável e instigante. Beremiz, o homem que calculava, resolve inúmeros problemas matemáticos com uma lógica admirável, sendo o problema dos quatro quatros, na minha opinião, o mais fascinante.
Leia e saberá do que estou falando, afinal de contas, Maktub!
Trechos interessantes:
"-Mesmo que aqui prospere - respondeu-me o calculista - e enriqueça, pretendo voltar, mais tarde, à Pérsia, para rever o meu torrão natal. Ingrato é aquele que esquece a pátria e os amigos de infância quando tem a felicidade de encontrar, na vida, o oásis da prosperidade e da fortuna." (pág. 25)
"-'O senhor faz cálculos?' - perguntou o rei. E antes que o mago despertasse do encanto em que se achava, o monarca ajuntou: - 'Se não faz cálculo, suas previsões nada valem; se as obtém pelo cálculo, duvido muito delas'. Aprendi na Índia um provérbio que diz: 'É preciso desconfiar sete vezes do cálculo e cem vezes do matemático'." (pág. 30)
"A Geometria, repito, existe por toda parte. No disco do sol, na folha da tamareira, no arco-íris, na borboleta, no diamante, na estrela-do-mar e até num pequenino grão de areia. Há, enfim, infinita variedade de formas geométricas espalhadas pela Natureza. Um corvo a voar lentamente pelo céu descreve, com a mancha negra de seu corpo, figuras admiráveis; o sangue que circula nas veias do camelo não foge aos rigorosos princípios geométricos; a pedra que se atira no chacal importuno, desenha, no ar, uma curva perfeita! A abelha constrói seus alvéolos com a forma de prismas hexagonais e adota essa forma geométrica, segundo penso, para obter a sua casa com a maior economia possível de material." (pág. 39/40)
"Sócrates, filósofo grego,afirmava com o peso da sua autoridade:
'Só é útil o conhecimento que nos faz melhores'.
Sêneca, outro pensador famoso, indagava descrente:
'Que importa saber o que é a linha reta quando não se sabe o que seja retidão?'" (pág. 67)
"Louco é aquele que se considera sábio quando mede a extensão de sua ignorância. Que pode valer a ciência dos homens diante da ciência de Deus?" (pág. 93)
"Eis o que ensinava Omar Khayyám:
Que a tua sabedoria não seja humilhação para o teu próximo. Guarda domínio sobre ti mesmo e nunca te abandones à tua cólera. Se esperas a paz definitiva, sorri ao destino que te fere; não firas a ninguém." (pág. 111)
"-Erra, por certo, gravemente, aquele que hesita em perdoar; erra, entretanto, muito mais ainda aos olhos de Deus, aquele que condena sem hesitar." (pág. 117)
"Quem não desconfia de si mesmo, não merece a confiança dos outros!" (pág. 133)
sábado, 14 de maio de 2011
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