sábado, 27 de agosto de 2016

O desaparecimento

Título: O desaparecimento
Autor: J. F. Freedman
Páginas: 464

A filha de Doug Lancaster, um magnata da televisão, foi sequestrada e, pouco tempo depois, encontrada morta. Mais de um ano depois, a polícia recebe uma denúncia anônima e prende um suspeito. Entra na história Luke Garrison, um advogado que já havia sido promotor, para defender o acusado.

Nem Luke acredita na inocência de seu cliente, mas precisa defendê-lo. Todos os envolvidos têm coisas a esconder, fazendo a história se tornar muito complexa e dificultando cada vez mais a identificação do verdadeiro culpado. Como é típico neste tipo de história, os pequenos detalhes é que ajudarão a solucionar o caso.

Trechos interessantes:

"-Num sequestro sem testemunhas, os membros da família são os primeiros suspeitos - explica com paciência. - Principalmente numa situação sem nenhuma testemunha." (pág. 31)

"O problema é que democracia não quer dizer maior participação no controle. Significa apenas que outros passaram a controlar: os que se dispõem a dedicar tempo a isso, a trabalhar nos comitês, a assumir os cargos menores e assim por diante. Hoje em dia, ser político é uma ocupação de tempo integral." (pág. 84/85)

"Despem-se: ele tira, o jeans; ela, tudo o que está vestindo. A seguir, estão na cama, um abraçado no outro, e não é o sexo que importa, é o amor que fazem." (pág. 129)

"A velha casa está morrendo, tal como certos pacientes que atende: vidas prestes a abandonar este mundo e moças com medo de nele pôr novas, gente interessada em saber se está grávida, mas sem querer que a família saiba, ou que já sabe que engravidou e ainda não decidiu quando abortar." (pág. 213)

"Só os covardes se escondem de seus próprios demônios." (pág. 217)

"Não se pode defender um homem acusado de um crime, sobretudo de homicídio, do mesmo jeito que se monta um quebra-cabeça. Esta peça aqui, aquela, ali, tudo se encaixa e pronto. Nem todas as peças se encaixam, isso nunca acontece. Mesmo quando o júri chega a um veredicto, mesmo quando o condenado cumpre a pena, não acabou. Nunca acaba." (pág. 241/242)

"-Qual é o pior pesadelo de um promotor? - pergunta. E se incumbe de responder. -Acusar o homem errado.
Lovett fez uma careta.
-Esse é o segundo pior pesadelo.
-E o primeiro?
-É acusar o homem errado e a bomba estourar na sua mão." (pág. 258)

"O que verdadeiramente incomoda Logan é a referência ao taco de golfe como a possível arma do crime. Coloca Doug Lancaster ainda mais no centro da história. Cedo ou tarde, ele terá de enfrentar e dar um jeito de diluir isso se puder. Do contrário, será como estar com um elefante na sala: mesmo que não se fala nele, todo mundo o vê." (pág. 343)

"Pensa em Joe Allison, o seu cliente, e em todas as baboseiras que lhe contou. A droga é que precisa continuar defendendo esse cara, não tem escolha, o advogado não faz juízos morais, está preso às normas e aos códigos da profissão, independentemente de quem é ou do que fez o cliente." (pág. 391)

"Se, quando a interrogaram pela primeira vez, uma das parte lhe tivesse perguntado se havia acontecido alguma coisa depois de ela ter visto Joe Allison naquela noite, o resultado seria muito diferente. Mas ninguém perguntou. E, embora estivesse razoavelmente convencida de que a Sra. Lancaster havia matado Emma ou pelo menos a machucara, não teve coragem de falar voluntariamente sobre isso. Ela e sua família deviam a própria existência à Sra. Lancaster.
Ninguém perguntou. María não iria tomar a iniciativa de dizer nada: não nos Estados Unidos. Coisa que aprendeu no dia em que chegou: nunca tome a iniciativa de dizer nada." (pág. 458/459)

domingo, 21 de agosto de 2016

A sorte do agora

Título: A sorte do agora
Autor: Matthew Quick
Páginas: 222

Bartholomew tem mais de 30 anos e apresenta problemas mentais. Com a morte da mãe passa a ficar totalmente desamparado pois ela era a figura central em sua vida. Para tentar encaixar Bartholomew no mundo real entram em cena um padre, uma bibliotecária e um sujeito que adora falar palavrões e acredita em aliens.

Tentando seguir em frente Bartholomew cria uma correspondência fictícia com Richard Gere (ator modelo para sua mãe) onde discute os problemas enfrentados e, sob a orientação de Dalai Lama, tenta achar as soluções. O resultado é uma história diferente e instigante.

Trechos interessantes:

"Se você quer que os outros sejam felizes, pratique compaixão. Se você quer ser feliz, pratique compaixão.
Dalai Lama" (pág. 7)

"'O mundo gosta mais de dinheiro do que da verdade', minha mãe também costuma dizer. 'Então, estamos ferrados'." (pág. 26)

"Dalai Lama afirma que 'devemos reconhecer que o sofrimento de uma pessoa ou de uma nação é o sofrimento da humanidade. Que a felicidade de uma pessoa ou de uma nação é a felicidade da humanidade'." (pág. 34)

"A beleza está dentro de todos nós, Bartholomew. Às vezes, ela apenas se esconde. Isso é certo." (pág. 100)

"Quando nosso coração está repleto de empatia, um forte desejo de eliminar o sofrimento alheio surge dentro de nós." (pág. 108)

"Para cada coisa ruim que acontece, uma coisa boa também acontece. É assim que o mundo permanece em harmonia." (pág. 121)

"Pessoas como você, eu e Elizabeth... Por que nós existimos, porra?
[...]
Talvez porque o mundo precise de pessoas como nós?
Para que, porra? Não fazemos nada, merda! Eu só rasgo ingressos na porra do cinema! Qualquer um poderia fazer isso!
Bem, se não houvesse gente estranha e incomum para fazer coisas esquisitas ou não fazer nada, não poderia existir pessoas normais que fazem coisas úteis e normais, não é?" (pág. 167)

"No Ocidente, as pessoas muitas vezes pensam erradamente que os koans são enigmas, testes intelectuais, algo a ser resolvido. Mas uma interpretação mais correta seria a de que os koans são breves histórias sobre as quais meditar. Eles não têm resposta. Não podemos 'resolver' ou 'entender' estes koans mais do que podemos resolver ou entender uma estrela cadente, o rugido de um leão, o cheiro do orvalho fresco sobre as rosas ou a sensação da areia morna entre nossos dedos dos pés. Só podemos refletir a fundo sobre todas essas coisas e nos deleitar com o mistério. É um erro achar que há uma resposta ou uma solução correta, mas também é bom refletir." (pág. 184/185)
"O pior pensamento era que mesmo se eu conseguisse fazer algo útil com minha vida no futuro, mesmo que um milagre acontecesse e eu, de alguma maneira, finalmente tomasse jeito, minha mãe e o padre McNamee não estavam mais por perto para ver. Eles morreram conhecendo o Bartholomew do passado, e eu não estava nem um pouco contente com o Bartholomew do passado." (pág. 202)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Os doze mandamentos

Título: Os doze mandamentos
Autor: Sidney Sheldon
Páginas: 248

Chego a duvidar que este livro seja mesmo da autoria de Sidney Sheldon, já que foge totalmente do seu estilo. Trata-se de uma coleção de histórias simples - simples mesmo - que contam, de forma humorística, sobre os mandamentos legados a Moisés.

Pra início, o autor se acha no direito de alterar a quantidade de mandamentos, assegurando que são doze. Após um preâmbulo que destaca as virtuosidades dos mandamentos, passa a apresentar histórias em que as personagens violaram os mandamentos e se deram bem. Em suma, muito simples.

Trechos interessantes:

"Moisés disse a seu povo que quem violasse aqueles mandamentos seria punido.
Esse é o lado de Moisés. Mas vou contar algumas histórias sobre pessoas que violaram os Mandamentos de Deus. E o que aconteceu com elas? Tornaram-se ricas, famosas e felizes." (pág. 22/23)

"No dia seguinte, quando Ralph almoçava num restaurante, a garçonete derramou café quente em sua mão, que ficou queimada. Ralph foi levado ao pronto-socorro.
No hospital, Ralph seguiu por um corredor que acabara de ser encerado, escorregou, levou um tombo e quebrou a perna.
Puseram-no numa maca e levaram-no para a sala de radiografia. Ali, o interno esbarrou na maca, Ralph caiu e quebrou o braço.
Passou duas semanas no hospital; ao voltar para casa tinha um braço e uma perna engessados, e a mão enfaixada." (pág. 69)

"Roger conversou com a esposa.
-Não vai sobrar nenhum dinheiro em nossa poupança. Sua mãe está gastando tudo.
-Querido, mamãe é uma velha. Vamos deixar que ela se distraia um pouco.
-Uma velha? - gritou Roger. - Ela viverá mais do que nós. Nada pode matá-la. Se a mandassem para a jaula de um leão, o leão acabaria morrendo. Ela falaria até o leão se suicidar." (pág. 111)

"A verdade é que Tom tinha medo de Marvin Gable, um homem autoritário que gostava de ser mesquinho com seus empregados. Era muito rico, mas não passava pela sua cabeça partilhar essa riqueza. Pagava os menores salários da cidade e se gabava por isso." (pág. 147)

"-Como pode chamar aquilo de casa? Não passa de uma pilha de madeira apodrecida! Eu não deixaria nem mesmo meu cachorro viver ali!
-Não tem nenhum cachorro.
-Claro que não. Não teríamos condições de alimentá-lo. Nem nós comemos direito, porque todo o dinheiro vai para aquela estúpida conta de poupança." (pág. 197)

"Os amigos viviam dizendo que David era um tolo por ser sempre tão honesto, que de vez em quando uma pessoa tinha de dizer uma mentira." (pág. 215)

sábado, 6 de agosto de 2016

O outro gume da faca

Título: O outro gume da faca
Autor: Fernando Sabino
Páginas: 104

Aldo Tolentino descobriu-se traído pela esposa e resolveu dar fim à situação. Planeja o crime perfeito para matar a esposa e o amante e, ao executá-lo, percebe que o plano é perfeito demais. Quando resolve confessar o crime, descobre que ninguém acredita nele.

A novela é parte da trilogia "A faca de dois gumes" que entre revelações de intriga, amor e mistério acaba na eterna discussão do crime perfeito. É uma história pequena, simples, de linguagem fácil, mas nem por isso menos interessante.

Trechos interessantes:

"Ai daquele que sabe: há de pagar pela culpa de ter sabido pouco. [Soren Kierkegaard]" (pág. 8)

"-Sabe de uma coisa, Dr. Tolentino? Pode parecer estranho, mas o marido traído desperta mais desprezo que a mulher e o amante. A não ser que ele se vingue." (pág. 66)

"Começava a perceber que o seu plano, tão exaustivamente concebido e executado, até mesmo com o imprevisto do crime que não chegou a premeditar, era um álibi de tal maneira perfeito que não havia como destruí-lo - faca de dois gumes, capaz de salvá-lo mas de ser a perdição de seu filho." (pág. 92)