Título: A situação humana
Autor: Aldous Huxley
Páginas: 264
Eis um dos melhores livros que já li. O livro é uma coletânea de conferências proferidas pelo autor na Universidade da Califórnia, em 1959, abordando o relacionamento do homem com o planeta.
Não se deixe enganar pela data, apesar de muito antigo os textos parecem que foram feitos para os dias de hoje, comprovando a visão de futuro que tinha Huxley. O comportamento humano é aqui esmiuçado em todos os níveis levando o homem a questionar e repensar o seu papel, a sua função neste planeta.
Trechos interessantes:
"Como sabemos, aprender pouco é algo perigoso. Mas uma boa porção de aprendizado altamente especializado também é uma coisa perigosa, e por vezes pode ser ainda mais perigoso do que aprender só um pouco." (pág. 11)
"Quando chegarmos ao fim, teremos coberto uma boa porção de terreno e também estaremos muito entediados com o que tenho a dizer, mas felizmente poderei então sumir discretamente." (pág. 21)
"...como disse Chateaubriand, 'les forêts précèdent leus peuples, et les déserts les suivent' (as florestas precedem as civilizações, e os desertos as seguem)." (pág. 23)
"O homem tem vivido demasiadamente no Planeta à moda de um parasita que se sustenta daquele a quem infesta. Se muitos parasitas são bastante ajuizados para não destruírem seu hospedeiro porque destruiriam a si mesmos, o homem não é um desses parasitas ajuizados." (pág. 25)
"...como disse alguém, a maior lição da história é que ninguém jamais aprende as lições da história." (pág. 33)
"Hoje sabemos o suficiente para consertar boa parte do prejuízo causado ao nosso Planeta e evitar que ocorram novos danos. A informação e conhecimento necessários existem. Mas, como de costume, há uma grande lacuna entre a habilidade para fazer uma coisa e a probabilidade de que ela seja feita. É muito fácil descrever os métodos de conservação que deveriam ser postos em prática de imediato, mas é extraordinariamente difícil executar o que sabemos que somos capazes de fazer." (pág. 38)
"Precisamos tratar o Planeta como se fosse um organismo vivo, com todo o amor, cuidado e compreensão que um organismo vivo merece. Se não o tratarmos assim, destruiremos o mundo no qual vivemos, e esse mundo destruído voltar-se-á contra nós e nos destruirá." (pág. 40/41)
"...todas as espécies vivem segundo seu suprimento de comida, e depois são eliminadas na medida em que seu número excede o alimento." (pág. 54)
"...embora seja bem verdade que o homem não pode viver só de pão, menos ainda poderá viver sem pão, e, se não conseguirmos pão suficiente, não conseguiremos nada mais. Apenas quando o homem tiver pão, apenas quando sua barriga estiver cheia, haverá alguma esperança de que, da situação humana, emerja alguma coisa mais." (pág. 63/64)
"si vis pacem para bellum - se queres a paz prepara-te para a guerra (provérbio romano)." (pág. 89)
"Como disse Lord Acton, 'O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe de maneira absoluta'." (pág. 90/91)
"Nenhum adivinho dos que conhecemos jamais fez fortuna predizendo o futuro, mas nenhuma companhia de seguros jamais entrou em falência. O motivo é que a companhia de seguros prevê o futuro de milhões e por isso pode ter certeza de lucro, enquanto o adivinho prevê a sorte de apenas uma pessoa, e provavelmente terá mais chances de errar do que de acertar." (pág. 104)
"Quando cheguei a este país, há dez anos, tive a maior dificuldade em encontrar meios para minha pesquisa básica. As pessoas me perguntavam: o que está fazendo, para que serve isso? Eu tive de dizer que não servia para coisa alguma. Então perguntavam: mas então o que é exatamente que você vai fazer? E eu tinha de responder: não sei, pesquisa é isso mesmo. Assim, a pergunta seguinte era: como espera que gastemos nosso dinheiro com você, se nem sabe o que está fazendo, nem por que o faz? E a essa pergunta eu não podia responder." (pág. 111)
"Como diz o Dr. Johnson, 'acontecimentos públicos não molestam o homem' e as notícias de uma batalha perdida nunca fizeram com que 'um homem comesse menos ao jantar'. E, vice-versa, as notícias de uma novidade científica ou de uma grande descoberta jamais fizeram um homem comer mais ao jantar." (pág. 127/128)
"Edison disse que gênio é nove décimos de transpiração e só um décimo de inspiração, mas tem de haver primeiro inspiração, depois o trabalho sobre ela." (pág. 164)
"A linguagem é o que nos torna humanos. Infelizmente, é também o que nos torna humanos demais. De um lado, é a mãe da ciência e da filosofia, e de outro produz toda a sorte de superstição, preconceito e loucura. Ajuda-nos e nos destrói; torna possível a civilização e também produz aqueles assustadores conflitos que degradam a civilização." (pág. 175)
"Quase não há um só crime em grande escala na história que não tenha sido cometido em nome de Deus. Isso foi resumido há muitos séculos no hexâmetro de Lucrécio: 'Tantum religio potuit suadere malorum' (Tão grandes males a religião persuadiu o homem a cometer)." (pág. 208)
domingo, 29 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
A vingança
Título: A vingança
Autor: Christopher Reich
Páginas: 346
Do primeiro ao último capítulo o livro é repleto de ação, afinal, trata-se de um romance policial de espionagem. É a continuação de um livro anterior do mesmo autor (A farsa - que ainda não li), mas cuja história pode ser entendida sem a prévia leitura do outro livro.
Jonathan Ransom é um médico casado com Emma (uma agente secreta a serviço do governo americano) e passa o livro todo fazendo, ele, o papel de agente tentando localizar Emma (no livro anterior havia sido dada como morta) em meio ao jogo de interesses de americanos e russos. Se você gosta de livro de ação, esta é uma boa pedida.
Trechos interessantes:
"-O mundo ficou pequeno demais. Não existem mais cantinhos isolados onde alguém possa simplesmente fechar a cortina e desaparecer. Todos esses lugares já foram descobertos, possuem webcams e alguém na fila para construir um resort cinco estrelas." (pág. 17)
"-O mundo mudou. Fronteiras são coisas do passado. As informações não têm passaporte. Elas pertencem a todo mundo." (pág. 68)
"O mais difícil de fugir é que, depois de algum tempo, você se cansa. Esquece que eles estão lá, mesmo que você não esteja vendo." (pág. 86)
"A arquitetura de uma bomba dizia muito sobre quem a fabricara: onde fora treinado, onde havia estudado e, o mais importante de tudo, o seu país de origem. Noventa por cento dos artefatos terroristas eram fabricados por indivíduos com experiência militar prévia, e muitos fabricantes de bomba desenvolviam (involuntariamente) uma marca que os denunciava de forma tão óbvia quanto a assinatura de Picasso no canto inferior de seus quadros." (pág. 160)
"Os engenheiros mais bem treinados do mundo trabalham nessas usinas. Se perceberem alguma coisa estranha, eles assumirão o controle manual da usina. A palavra final será sempre a da sala de controle. De homens e mulheres. Não de máquinas." (pág. 205)
"Era um homem frágil, pouco imponente, com os cabelos grisalhos meticulosamente aparados, boas maneiras e um terno mal cortado. Um dos mansos que tinham poucas chances de herdar a Terra, mesmo que o livro sagrado dissesse o contrário." (pág. 209)
"Mikhail Borzoi não era um homem agradável. Homens agradáveis não controlavam a maior fábrica mundial de alumínio. Homens agradáveis não acumulavam uma fortuna de cerca de 20 bilhões de dólares, e isso depois da queda da bolsa de valores. Homens agradáveis não superavam uma infância pobre para vir a aconselhar o presidente e vir a ser um dos três candidatos a substituí-lo nas próximas eleições. Não na Rússia. Na Rússia, homens agradáveis eram pisoteados, mastigados e cuspidos." (pág. 263)
Autor: Christopher Reich
Páginas: 346
Do primeiro ao último capítulo o livro é repleto de ação, afinal, trata-se de um romance policial de espionagem. É a continuação de um livro anterior do mesmo autor (A farsa - que ainda não li), mas cuja história pode ser entendida sem a prévia leitura do outro livro.
Jonathan Ransom é um médico casado com Emma (uma agente secreta a serviço do governo americano) e passa o livro todo fazendo, ele, o papel de agente tentando localizar Emma (no livro anterior havia sido dada como morta) em meio ao jogo de interesses de americanos e russos. Se você gosta de livro de ação, esta é uma boa pedida.
Trechos interessantes:
"-O mundo ficou pequeno demais. Não existem mais cantinhos isolados onde alguém possa simplesmente fechar a cortina e desaparecer. Todos esses lugares já foram descobertos, possuem webcams e alguém na fila para construir um resort cinco estrelas." (pág. 17)
"-O mundo mudou. Fronteiras são coisas do passado. As informações não têm passaporte. Elas pertencem a todo mundo." (pág. 68)
"O mais difícil de fugir é que, depois de algum tempo, você se cansa. Esquece que eles estão lá, mesmo que você não esteja vendo." (pág. 86)
"A arquitetura de uma bomba dizia muito sobre quem a fabricara: onde fora treinado, onde havia estudado e, o mais importante de tudo, o seu país de origem. Noventa por cento dos artefatos terroristas eram fabricados por indivíduos com experiência militar prévia, e muitos fabricantes de bomba desenvolviam (involuntariamente) uma marca que os denunciava de forma tão óbvia quanto a assinatura de Picasso no canto inferior de seus quadros." (pág. 160)
"Os engenheiros mais bem treinados do mundo trabalham nessas usinas. Se perceberem alguma coisa estranha, eles assumirão o controle manual da usina. A palavra final será sempre a da sala de controle. De homens e mulheres. Não de máquinas." (pág. 205)
"Era um homem frágil, pouco imponente, com os cabelos grisalhos meticulosamente aparados, boas maneiras e um terno mal cortado. Um dos mansos que tinham poucas chances de herdar a Terra, mesmo que o livro sagrado dissesse o contrário." (pág. 209)
"Mikhail Borzoi não era um homem agradável. Homens agradáveis não controlavam a maior fábrica mundial de alumínio. Homens agradáveis não acumulavam uma fortuna de cerca de 20 bilhões de dólares, e isso depois da queda da bolsa de valores. Homens agradáveis não superavam uma infância pobre para vir a aconselhar o presidente e vir a ser um dos três candidatos a substituí-lo nas próximas eleições. Não na Rússia. Na Rússia, homens agradáveis eram pisoteados, mastigados e cuspidos." (pág. 263)
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