Título: Pollyanna moça
Autor: Eleanor H. Porter
Páginas: 208
Me aventurei a ler "Pollyanna moça" antes de ler Pollyanna "menina". Aconteceu de me chegar às mãos e, acabei lendo. Mas não acho que seria necessário ler antes o "menina" para entender a história. pelo que pude perceber, o segundo não é consequência do primeiro, mas uma espécie de "novas aventuras".
O livro, para o que se propõe (literatura infanto-juvenil), é perfeitamente adequado. Trata-se da história de uma moça alegre, cheia de vida e felicidade, que consegue contagiar as pessoas com sua felicidade, sendo por isso adorada por todos. Enfim, uma história fácil de ler e de cunho educativo.
Trechos interessantes:
"E é aborrecido quando a gente é muito procurada, não sobra tempo para coisa nenhuma. Em compensação, é agradável saber que os outros precisam da gente, não acha?
Não houve resposta, talvez porque Mrs. Carew, pela primeira vez em sua vida, estivesse a cismar se porventura haveria alguém no mundo que dela necessitasse." (pág. 24/25)
"Ia sorrindo para todos os passantes e se desapontava, embora não se surpreendesse, de não receber nenhuma retribuição. Já se acostumara àquilo em Boston, terra de gente que não ri. Mas insistia. Podia ser que de repente o procurado sorriso aparecesse." (pág. 39)
"Eu queria encontrar uma pessoa que se sentisse solitária, como eu. Que estivesse sozinha. Todos que vejo por aqui estão acompanhados.
-Compreendo - respondeu a moça recaindo no seu alheamento. -Mas, boa menina, é muito triste que você haja percebido isso tão cedo...
-Isso o quê?
-Que o mais solitário lugar do mundo é justamente no meio das multidões." (pág. 46)
"Além disso, se a gente não passa fome de vez em quando, não pode saber como é gostoso um copo de leite [...]" (pág. 65)
"-Eu sei. Há muitas senhoras boas assim, que dão 'filantropicamente'. Há sempre mãos dadivosas estendidas aos que perderam o pé na vida. Está direito. Não vejo mal nisso. Só me admira é que não ajudem as pessoas antes do naufrágio. Se olhassem para as desamparadas antes que elas caíssem, dando a tantas meninas aquilo de que elas tanto precisam, o mundo não estava cheio de... Mas... Deus do céu? Que estou dizendo?" (pág. 95)
"-Eu sei. É assim que Mrs. Carew falava. Ela dizia que isso estava acima da minha compreensão; que... que seria 'pauperizar' o mundo, e 'pernicioso' etc. Qualquer coisa assim. Mas, seja lá como for, o que não compreendo é que alguns tenham demais e outros tenham de menos. Se eu tivesse muito, daria sem medo aos que têm pouco, pauperizasse e pernicionizasse o mundo ou não." (pág. 105)
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
O afegão
Título: O afegão
Autor: Frederick Forsyth
Páginas: 382
Em se tratando de espionagem e intriga política não há, na minha opinião, ninguém melhor do que Frederick Forsyth para descrevê-las. Ele consegue fazer um assunto árido se tornar atraente e ainda chamar a atenção para pequenos detalhes, que se juntam para tornar a trama mais interessante. Criar um romance, tendo como base a história real é uma arte.
O livro nos fala de uma conspiração (da qual não se sabe os detalhes) do povo muçulmano contra os Estados Unidos. Para evitá-la, os governos americano e britânico se unem para infiltrar um espião no exército talibã e descobrir mais detalhes. Fingem libertar um prisioneiro afegão que está em Guantánamo - daí o título - enquanto, na verdade, mandam o espião no lugar dele. O livro demora a "engrenar", a primeira metade é praticamente montando o pano de fundo e caracterizando os personagens. Na segunda metade é que a história em si começa a ficar empolgante.
Trechos interessantes:
"-Eu me considero um bom muçulmano, mas não um muçulmano obsessivo - disse Razak. - Não como carne de porco, mas também não vejo mal nenhum em dançar ou em fumar um bom charuto. A proibição dessas coisas é uma das características do fanatismo talibã com o qual não concordo. E quanto às bebidas à base de uva, ou até de grãos, tomava-se muito vinho durante nossos primeiros califados. Se um dia chegar ao Paraíso, serei repreendido por uma autoridade mais alta que todas, e então rogarei clemência ao todo-poderoso Alá. Enquanto isso, não me encha a paciência." (pág. 20)
"Mike Martin pensou em como aquilo parecia com uma cena de seu filme favorito de todos os tempos. T.E. Lawrence ofereceu dinheiro a Auda Abu Tayi para juntar-se a ele no ataque a Aqaba. Martin se lembrou da resposta genial: 'Auda não cavalgará até Aqaba pelo ouro britânico; ele cavalgará até Aqaba porque isso lhe agrada'." (pág. 72)
"Não houve nada de extraordinário na criação do menino. Quando pôde engatinhar, ele engatinhou, e quando pôde correr, correu furiosamente." (pág. 86)
"Assegurar bons guias com as unidades mujahedins nas proximidades da passagem Khyber não era problema. Como na época do Raj, algumas peças de ouro abriam muitas portas. Havia um aforismo que dizia que não era possível comprar a lealdade de um afegão, mas era possível alugá-la." (pág. 91)
"Está provado que, durante uma emergência instintiva, uma pesoa geralmente dá uma guinada para a esquerda. É por isso que dirigir no lado esquerdo da rodovia é mais seguro, embora restrito a alguns poucos países. Um motorista em pânico sai da estrada para o acostamento, evitando uma colisão frontal." (pág. 104)
"Todos os 19 homens-bomba do 11 de Setembro tinham conseguido passar despercebidos porque pareciam e agiam como seus personagens. O mesmo ocorreu com os quatro homens-bomba de Londres; aparentemente rapazes normais, que frequentavam a academia de ginástica e jogavam críquete, eram prestativos, um deles era professor de portadores de necessidades especiais, e sorriam constantemente. E o tempo todo estavam planejando um atentado. São pessoas assim que devem ser vigiadas." (pág. 176)
"As estradas afegãs são tão esburacadas que o lugar mais plano para se dirigir é pelo canteiro entre as pistas. Como se considera efeminado desviar porque alguém está vindo na direção contrária, a quantidade de fatalidades é impressionante." (pág. 197)
"O islã pode condenar o uso de narcóticos, mas apenas para os muçulmanos. Se os infiéis do Ocidente querem se envenenar e pagar bem por esse privilégio, isso não é da conta dos verdadeiros servos do Profeta." (pág. 205)
"Com o combate corpo a corpo praticamente extinto, a maioria dos homens morre não pelas mãos dos inimigos, e sim pelo computador deles. Eles são explodidos por um míssil disparado a um continente de distância ou de algum ponto sob o mar. Eles são exterminados por uma bomba 'inteligente' despejada por uma aeronave em uma altitude que não pode ser vista ou ouvida. Eles morrem porque alguém dispara uma bala a dois bairros de distância." (pág. 324)
"Para o terrosismo, a internet e o espaço virtual haviam se tornado armas de propaganda extremamente úteis. Na visão deles, é bom quando uma atrocidade é comentada num teleornal, mas é maravilhoso quando ela é vista por milhões de jovens muçulmanos em 70 países. É assim que nascem os novos recrutas: jovens vendo acontecer e desejando imitar." (pág. 337)
"Até agora o navio de passageiros estava recebendo a bordo apenas os participantes de nível inferior: estenógrafos, secretárias, diplomatas juniores,consultores especiais e todas as formigas humanas sem as quais os grandes e poderosos do mundo não poderiam discutir fome, pobreza, segurança, barreiras comerciais, defesa e alianças." (pág. 357)
"Não existe amor maior do que dar a vida pelos seus amigos." (pág. 382)
Autor: Frederick Forsyth
Páginas: 382
Em se tratando de espionagem e intriga política não há, na minha opinião, ninguém melhor do que Frederick Forsyth para descrevê-las. Ele consegue fazer um assunto árido se tornar atraente e ainda chamar a atenção para pequenos detalhes, que se juntam para tornar a trama mais interessante. Criar um romance, tendo como base a história real é uma arte.
O livro nos fala de uma conspiração (da qual não se sabe os detalhes) do povo muçulmano contra os Estados Unidos. Para evitá-la, os governos americano e britânico se unem para infiltrar um espião no exército talibã e descobrir mais detalhes. Fingem libertar um prisioneiro afegão que está em Guantánamo - daí o título - enquanto, na verdade, mandam o espião no lugar dele. O livro demora a "engrenar", a primeira metade é praticamente montando o pano de fundo e caracterizando os personagens. Na segunda metade é que a história em si começa a ficar empolgante.
Trechos interessantes:
"-Eu me considero um bom muçulmano, mas não um muçulmano obsessivo - disse Razak. - Não como carne de porco, mas também não vejo mal nenhum em dançar ou em fumar um bom charuto. A proibição dessas coisas é uma das características do fanatismo talibã com o qual não concordo. E quanto às bebidas à base de uva, ou até de grãos, tomava-se muito vinho durante nossos primeiros califados. Se um dia chegar ao Paraíso, serei repreendido por uma autoridade mais alta que todas, e então rogarei clemência ao todo-poderoso Alá. Enquanto isso, não me encha a paciência." (pág. 20)
"Mike Martin pensou em como aquilo parecia com uma cena de seu filme favorito de todos os tempos. T.E. Lawrence ofereceu dinheiro a Auda Abu Tayi para juntar-se a ele no ataque a Aqaba. Martin se lembrou da resposta genial: 'Auda não cavalgará até Aqaba pelo ouro britânico; ele cavalgará até Aqaba porque isso lhe agrada'." (pág. 72)
"Não houve nada de extraordinário na criação do menino. Quando pôde engatinhar, ele engatinhou, e quando pôde correr, correu furiosamente." (pág. 86)
"Assegurar bons guias com as unidades mujahedins nas proximidades da passagem Khyber não era problema. Como na época do Raj, algumas peças de ouro abriam muitas portas. Havia um aforismo que dizia que não era possível comprar a lealdade de um afegão, mas era possível alugá-la." (pág. 91)
"Está provado que, durante uma emergência instintiva, uma pesoa geralmente dá uma guinada para a esquerda. É por isso que dirigir no lado esquerdo da rodovia é mais seguro, embora restrito a alguns poucos países. Um motorista em pânico sai da estrada para o acostamento, evitando uma colisão frontal." (pág. 104)
"Todos os 19 homens-bomba do 11 de Setembro tinham conseguido passar despercebidos porque pareciam e agiam como seus personagens. O mesmo ocorreu com os quatro homens-bomba de Londres; aparentemente rapazes normais, que frequentavam a academia de ginástica e jogavam críquete, eram prestativos, um deles era professor de portadores de necessidades especiais, e sorriam constantemente. E o tempo todo estavam planejando um atentado. São pessoas assim que devem ser vigiadas." (pág. 176)
"As estradas afegãs são tão esburacadas que o lugar mais plano para se dirigir é pelo canteiro entre as pistas. Como se considera efeminado desviar porque alguém está vindo na direção contrária, a quantidade de fatalidades é impressionante." (pág. 197)
"O islã pode condenar o uso de narcóticos, mas apenas para os muçulmanos. Se os infiéis do Ocidente querem se envenenar e pagar bem por esse privilégio, isso não é da conta dos verdadeiros servos do Profeta." (pág. 205)
"Com o combate corpo a corpo praticamente extinto, a maioria dos homens morre não pelas mãos dos inimigos, e sim pelo computador deles. Eles são explodidos por um míssil disparado a um continente de distância ou de algum ponto sob o mar. Eles são exterminados por uma bomba 'inteligente' despejada por uma aeronave em uma altitude que não pode ser vista ou ouvida. Eles morrem porque alguém dispara uma bala a dois bairros de distância." (pág. 324)
"Para o terrosismo, a internet e o espaço virtual haviam se tornado armas de propaganda extremamente úteis. Na visão deles, é bom quando uma atrocidade é comentada num teleornal, mas é maravilhoso quando ela é vista por milhões de jovens muçulmanos em 70 países. É assim que nascem os novos recrutas: jovens vendo acontecer e desejando imitar." (pág. 337)
"Até agora o navio de passageiros estava recebendo a bordo apenas os participantes de nível inferior: estenógrafos, secretárias, diplomatas juniores,consultores especiais e todas as formigas humanas sem as quais os grandes e poderosos do mundo não poderiam discutir fome, pobreza, segurança, barreiras comerciais, defesa e alianças." (pág. 357)
"Não existe amor maior do que dar a vida pelos seus amigos." (pág. 382)
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